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João Bosco do Nordeste
Professor Mestre em Educação e Administrador empreendedor
Textos
O Brasil não respeita seus heróis - Da IIª Guerra mundial.
Dignidade é o que os vivos precisam. Respeito é o que as almas dos que morreram exigem.

Quando a 2ª Guerra Mundial começou, o Brasil passava por um regime autoritário, comandado pelo Presidente Getúlio Vargas (Getúlio Dornelles Vargas nasceu em 19/4/1882, em São Borja-RS, e faleceu em 24/8/1954, no Rio de Janeiro-RJ), durante o Estado Novo (1937-1945), mas em relação ao conflito, o Brasil estava neutro.
Porém, em 1942 várias embarcações brasileiras foram atingidas e afundadas por submarinos alemães no Oceano Atlântico e, cumprindo um acordo que o Brasil havia firmado com os Estados Unidos (com o Presidente Roosevelt), entrou na guerra ao lado dos países Aliados (Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Bélgica, França, União Soviética, dentre outros). Portanto, em julho de 1944 foram enviados 25 mil militares da FEB (Força Expedicionária Brasileira), 42 pilotos e 400 homens de apoio da FAB (Força Aérea Brasileira).
Nós brasileiros não entendemos como pode ter ocorrido tantas mortes na importante participação militar brasileira contra o Eixo do mal (Alemanha, Japão e Itália), combatendo na Itália ocupada pelos nazistas, e os governos sucessivos não dão a menor importância a esses heróis brasileiros.
Os nossos pracinhas passaram todo tipo de sofrimento, desde o clima muito frio naquela época, na região do conflito, além do relevo montanhoso nos montes e colinas, especialmente no final de novembro, quando os soldados brasileiros tiveram a missão de conquistar Monte Castelo, devendo romper a Linha Gótica, uma barreira defensiva criada pelos alemães, a fim de utilizarem a Rota 64, uma estrada fundamental para a evolução dos combates em melhores condições. A situação era dramática, especialmente porque cada pracinha carregava equipamentos e não receberam treinamento para combater em altos relevos montanhosos.
O Pracinha que seguia na frente da tropa era chamado de “esclarecedor”, para observar onde estavam os inimigos e avisar ao comando por onde seria melhor alternativa de ataque, mas esse herói era quem morria primeiro, tanto pelas balas, quanto pelas “minas” explosivas.
As quatro tentativas para tomar Monte Castelo no final de novembro fracassaram. O frio estava aumentando cada vez mais naquele inverno europeu. Somente em fevereiro de 1945, ao final do inverno, os pracinhas brasileiros receberam apoio e reforço da 10ª Divisão de Montanha do Exército Americano, e no dia 21 de fevereiro conquistaram Monte Castelo, depois de doze horas de intenso conflito e perdas de todas as partes.
Uma pequena, mas valiosa ação dos militares brasileiros, com a finalidade de prejudicar a visão dos atiradores alemães, foi queimar óleo diesel, gerando fumaça, facilitando os ataques da artilharia aérea brasileira, prejudicando a visão dos inimigos.
Na Torre de Nerone local onde os pracinhas foram acuados na Itália durante seis meses. A partir de Monte Castelo e do acesso à Rota 64, novas vitórias foram se consolidando, e em 05 de março daquele ano foram conquistados Soprassosso e Castelnuovo, enquanto os alemães ainda resistiam na linha Gêngis Khan, uma cadeia de montanhas que passava pela cidade de Montese e montes Serreto, Possessione e Montello. Revoltados e vingativos, pelas mortes em Monte Castelo, a mais sangrenta batalha travada pelos brasileiros na Itália ocorrem em Montese, sendo que na manhã do dia 15 de abril os brasileiros a conquistaram, após sofrimentos e angústia da FEB, com cerca de mais de quatrocentas baixas, entre mortos, feridos e desaparecidos. Seguindo as conquistas com os americanos, em 21 de abril, os brasileiros tomaram Zocca e entraram em Bolonha.
No dia 29 de abril, na cidade de Fornovo di Taro, a FEB capturou a 148ª Divisão Alemã, com mais de quinze mil soldos e dois generais. Seguindo as conquistas, no dia seguinte, ocuparam e libertou Alessandria e Turim.
No dia 02 de maio, o general Mark Clark dava por encerrada a campanha dos Aliados na Itália. Ao saber das derrotas consecutivas em todos os flancos da Europa, no dia 30 de abril de 1945, Hitler se suicida.
Apesar dos pracinhas brasileiros e alguns historiadores darem por encerrada a 2ª Guerra Mundial no dia 8 de maio de 1945, a data é correta apenas se consideramos que se trata do dia em que os países aliados derrotaram a Alemanha nazista na Europa, mas os conflitos continuaram no Pacífico, aonde o Japão continuava a combater os exércitos aliados. Porém, com os lançamentos das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, os japoneses capitulam e no dia 02 de setembro a Guerra chega ao fim.
No Brasil Getúlio Vargas temia que a vitória da FEB fosse usada como um símbolo para derrubar também a sua ditadura, criada no Estado Novo, passando a vigorar nos oficiais e soldados a simpatia e vontade de um País democrático. A preocupação procedia, pois ainda na Itália a tropa brasileira lançou o jornal com o nome de: “E a cobra fumou!” (uma resposta àqueles que diziam: "é mais fácil ensinar uma cobra a fumar do que o Brasil lutar na guerra”) mostrando as diferenças entre os Estados Unidos - um país moderno, com eleições diretas, e o Brasil - que vivia sob uma ditadura, como aquela imposta por Hitler e que estava sendo combatida pelos pracinhas na Europa.
O retorno ao Brasil começa a ser preparado do dia 8 de maio a 3 de junho de 1945, concentrando-se em Nápoles.
No navio-transporte americano "General Meigs", partiu de Nápoles a 1ª remessa, com 4.931 homens, chegando ao Rio em 18/07/1945.
De Nápoles, partiu em 12 de agosto no navio americano "Mariposa" a 2ª etapa, com 6.187 expedicionários, chegando ao Rio no dia 22.
Em 28 de agosto, com 1.801 homens do Depósito de Pessoal, partiu o navio brasileiro "Duque de Caxias", chegando ao Brasil em 19 de setembro.
Também no navio americano "General Meigs", partiram 5.342 homens no dia 4, chegando em 19 de setembro no Brasil.
Numa jogada política, Vargas dissolveu a FEB – Força Expedicionária Brasileira, ainda quando estava presente em grande parte na Itália, com medo da democracia que estaria por vir, proibindo que, após os desfiles, os expedicionários não andassem uniformizados, com medalhas e condecorações, e também não poderiam dar entrevistas ou declarações públicas.
Nada disso impediu que, no dia 29 de outubro de 1945, tropas lideradas pelo general Góis Monteiro cercassem o Palácio do Governo e forçassem Getúlio a renunciar. Era o fim do Estado Novo.
Notícias dão conta de que morreram 460 homens da FEB e 22 pilotos da FAB na Itália, e quase 3.000 foram feridos em combate ou sofreram acidentes, além de grande parte que ficou com problemas psicológicos, desde alcoolismo e violência doméstica, até suicídios.
Reportagens mostram que a maior parte deles ainda sobrevive em condições menos digna, sem qualquer proteção do Estado, quer seja por falta de plano de Saúde ou uma aposentadoria que dê recompensar o nome que o Brasil escreveu na história através deles, como membros das campanhas na Itália, quando foi extirpada do mundo democrático a corrente nazista totalitária e diabólica que estava em tentativa de dominação.
Mais recentemente, na Constituição de 1988, os menos de 10.000 ex-combatentes naquela época ainda vivos, conquistaram o direito de uma pensão especial. (Lei 8.059/1990)
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Quem ainda está vivo? Onde moram? Como vivem?
E quem já morreu? Onde está enterrado?
Quem souber, por favor, informe ao Povo Brasileiro.
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 17/06/2014
Alterado em 27/06/2023
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