Nos limos escorregadios das mentes encarceradas,
estão recônditos diversos milagres do poeta:

Milagre de amar ou de se fazer amor;
Milagre de sofrer pelos outros como sofredor;
Milagre de encantar ou de ser encantador;
Milagre de fazer sorrir ou de criar lágrimas de dor;
Milagre de ser um poeta e também um bom leitor;
Milagre de ser a democracia, ou até um ditador;
Milagre de criar um personagem, ou ser o seu matador;
Milagre de produzir sua obra, mendigando um divulgador;
Milagre de ser protagonista ou o vilão perdedor;
Milagre de parir-se a si mesmo, criatura e o criador.

Vai poeta milagreiro!
Siga pelo mundo inteiro,
no barco da sua vida o timoneiro,
que navega até mesmo sem dinheiro,
dentro ou fora de qualquer pardieiro,
e no último suspiro do seu corpo inteiro,
ao deitar-se no seu leito derradeiro,
grita ao seu travesseiro:
é um milagre ser poeta brasileiro!!!!