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João Bosco do Nordeste
Professor Mestre em Educação e Administrador empreendedor
Textos
No correr das águas – Homenagem a João Ariano Ubaldo Suassuna (João Ubaldo e Ariano)
Homenagens aos dois grandes Escritores brasileiros mortos em Julho/2014: João Ubaldo Ribeiro (18/07) e Ariano Suassuna (23/07).

NO CORRER DAS ÁGUAS
Sim, sou pedra parada num rio perdido.
Sim, a água que rola é o tempo, e o vento é o pó dos ossos secados.
Sou hóspede de mim, na partilha da casa dos nossos pecados,
sombra de um grande castelo, onde tal Otelo fez tanta besteira.
Pode ser que o coração tenha tolhido a estrada da acluofobia,
mas a pedra forte é a escrita resistente que permanece aqui.

Não há mais nada no planeta que tenha sentido,
Não há raios gama ou gametas, e o que era alfa, ômega se tornou,
no leito do rio de águas disparadas, a modéstia estática ficou.
Na sua corrente o rio dá certeza, que a morte da vida vem da ribanceira.
Pode ser que a escuridão persista em fazer a luz sumir.
mas a pedra forte é a escrita resistente que permanece aqui.

Talvez o destino tenha preparado um segredo escondido,
Talvez não seja um presente sorteado numa rifa que se queda,
pois a construção que deixaram na galáxia de Andrômeda,
alimentará os anjos livros com as estrelas das palavras eternas.
Pode ser que as trincheiras das correntes não os deixem emergir,
mas a pedra forte é a escrita resistente que permanece aqui.

Poetas são todos os garimpeiros de uma mina esquecida,
que fazem das palavras pedras preciosas, e o tempo lapida.

Quem viveu a arar foi Ariano, nascido sob o signo de gêmeos,
que se diz por ai, “são os que têm duas caras”.
Mas perguntado sobre isso certa vez ele respondeu:
Se isso fosse verdade, jamais usaria a cara com a qual nasceu.

Outro que o tempo escreveu e o mundo não vai apagar
é João Ubaldo, o herói Pandonar, um Geraldo Super-Homem.
Com seus escritos abriu a “cerca de pedra”, sua Itaparica,
Mostrando um pobre pedaço de mundo como coisa rica.  

Em vida, uns pichadores de páginas que os olhos consomem.
Em morte, incentivadores de sonhos, de almas lembradas.
Quem nasceu e não morreu, pode dizer “esse sou eu”.
Construíram com suor, sacrifícios e lágrimas a suas estradas,
Para deixar a vida e entrar na história de quem nunca morreu.

Obrigado amigos das palavras e carimbadores do céu.
Os leitos dos rios agradecem as águas e o remanso,
e as estrelas agora vão lhes dar um eterno e merecido descanso.

Todos que escrevem com o coração alado, serão eternos, amados e lembrados.
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 31/07/2014
Alterado em 23/06/2017
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