No Brasil, o nordestino não reclama mais de nada. Está satisfeito ou  dominado pela falta do saber?
Para os vampiros do poder, somos apenas uma pereba, um carrapato, uma manada, um amontoado de gente que precisa mais de esmola e menos de segurança, saúde e escola. Não tem mais revolução.
A revolução é barrada pela barriga, o poder é muito sabido, no pescoço bota a coleira, abre o circo e faz carnavais, oferece migalhas de pão, numa atitude descabida, mas para eles muito sabida. E quem morre de fome não precisa mais ter nome, não pode mais votar, ao seu título enterrar. Pensando que era lagartixa, vivia balançando a cabeça, dizia sim aos vampiros, que inventa as balas perdidas dos tiros, para dar medo aos viventes e não lhes deixe pensar.
O pouco de sangue que corria nas veias vai sendo sugado. Parecemos gado numa procissão como devotos, mas o objetivo dessa sangria em forma de esmola é comprar os nossos votos.
Para não perder o poder, deixa com sede o eleitor para ser um salvador e carros pipa oferecer, pois com aquela falta d'água pode perder sangue o coitado, e vampiros não eleger.
Nada mudou, nada muda. O povo é massa de manobra. O sertão fica mais pobre, mudo e o pior: nas estatísticas públicas dos vampiros sugadores, o analfabeto sabe ler, tem segurança completa, na saúde são bem atendidos, estão todos aprovados no vestibular, é formado em faculdade sem quase não entender nada. É tratado como um burro na estrada de uma roça, que precisa de cabresto pra seguir sua jornada puxando a sua carroça.
Coitado do irmão nordestino, vota pelo intestino, para isso não precisa de escola, basta na eleição receber um papelzinho com a cola junto da sua esmola. Tanto futuro tirado como lixo de uma cartola.
O nordestino, quem sabe um dia, quando tiver mais alegria, souber refletir seu destino e gerar o seu sustento, deixar de ser como um indigente ou mesmo uma pipa ao vento, mais digno dirá "não" aos vampiros, quando puder escolher com sua própria leitura, o que será melhor para a sua cultura, um futuro respeitoso sem perder mais o seu sangue na poeira ou num mangue, onde estão esses vampiros.
Nós, brasileiros nordestinos, queremos ter a liberdade de construir nosso destino, sem necessidade de esmola. Basta que tenhamos um bom emprego, saúde, segurança e escola.