Pássaro de Haia - onde está?
Voa bem tranquilo, pássaro ferido de um amor cansado, expatriado e desgovernado das sensações esquecidas e mal resolvidas, por cima de um vil projeto de poder, brasa da dor acesa, tirando a ética da mesa, tentando iludir a liberdade, para torná-la presa.
Bate as tuas asas e gira pelo mundo, traz o teu espírito, sobe ao infinito e não fique escondido. Não solte um zumbido nem pio de uma garça, pois não tem graça o gemido do rio quando anuncia uma desgraça.
Passe por tormentas, meteoros, furações e vendavais, supere coisas banais, não seja um navio afundado num cais. Chame por Deus, o nosso Criador, numa reza primeira ou canto derradeiro, para que o teu voo seja sempre em céu de brigadeiro.
Desliza ligeiro, olha o mundo inteiro, caminhe na luz, deslize no ar. Dê esperança ao desespero, fuja do pardieiro quando estiver no caminho de volta.
Solte-se do laço, corra para o abraço, esqueça as mazelas, gire a manivela, pinte tua tela, saia da janela, voe com tuas velas em ventos-calmaria, por cima de sentimentos de pombos, desarme quaisquer bombas acesas na alma, gere a sua própria sombra, acalme o coração cantando no teu tom.
Volta para casa, pássaro sem asa, acenda nova brasa, a brasa da esperança e do amor que não se cansa, que não se apagou em tua casa. Vem em busca de tua asa, conserta a tua casa, depois bate em retirada, volta pro teu ninho, vira um passarinho, vai cantar teu hino. Essa Nação é tua. Vem andar nas ruas, sem ser um delinquente; vem morar nas ruas, sem ser um mendigo; vem ver esse Brasil com os pés no chão; vem ver a matilha, que quer acabar com a nossa maravilha, com os desmandos que vem lá de Brasília.
Vem lutar com gente, seja presidente, como um Deus Onipotente e brasileiro.
Vem Águia de Haia, saia da gandaia, sem morrer na praia, sem jogar dinheiro fora. Calça tua espora! Seja um grande amigo, nunca apenas um companheiro.
Companheiro é fruto de uma relação conjugal, entre a besta e o bestial, uma união instável e infernal.
Amigos não precisam de união e usam de correto silogismo, precisando apenas que tenha amor pelo sei País e um contagiante patriotismo.
Tantos já se foram! Uns deixaram, mas muitos levaram, por isso é preciso dar um basta.
Que brote outro pássaro de Haia! Um Anjo! Um Arcanjo! Corajoso o suficiente, inteligente, mas parecendo um indigente.
Basta que a luz possa o trazer, para "meter o bico" no resto desse latifúndio, quase um miserável gueto, para não perecermos nas trevas dos incautos e irresponsáveis milionários, que vivem da exploração de cadáveres, cegos donos apenas de um esqueleto.
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 07/08/2014
Alterado em 27/06/2023