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João Bosco do Nordeste
Professor Mestre em Educação e Administrador empreendedor
Textos
A pedra no telhado de vidro
Porque me olhas, com esse olhar de peixe morto?
Se nem o morto sabe que peixe ele é.
Para que serve brigar ao construir coisas,
se nesse mundo nada ficará em pé?

De tão dura, a pedra é um coice de cavalo,
trinca e o pescoço fica torto, mas não quebra.
O corpo é duro na queda e tem nervos de aço.
Muito mais frágil que segurar o cavalo pela crina,
vai ficando por trás da cortina como se fosse um palhaço.

Cai do cavalo e se ferra, descendo ladeira abaixo,
pois queria ser pedra e isso era o seu ideal.
Querendo quebrar a gente, dura sempre e tão contente,
sentia-se como a dona do lugar.
Uma arrogante e matreira, na morte derradeira e dura de se quebrar.

Mas outra pedra bandida, fez quedar a sua vida,
quebrando em pedacinhos, sonhos imbecis pelo chão.
Quando a pedra ali bateu, nunca mais quis ser martelo,
flecha, arpão ou nenhum míssil.
Com seus pedaços de vidro quebrados no seu telhado,
desceu pelo precipício e a vida ficou difícil.

Quem quer ser apenas martelo, tratando os outros de pregos,
um dia vai esquecendo que seu telhado é de vidro,
enveredando nas sombras os seus milionários anéis,
esquecendo que das outras pedras, cantadas por menestréis.  
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 12/08/2014
Alterado em 26/06/2017
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