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João Bosco do Nordeste
Professor Mestre em Educação e Administrador empreendedor
Textos
Matador sem aluguel
Esta é uma obra de ficção e poderia ter ocorrido no interior do Brasil. Qualquer semelhança é mera coincidência.
Era um dia de sábado, em torno das nove horas da manhã. Rodatam, um matador de aluguel foi contratado por um empresário muito endividado, para matar um fazendeiro, somente porque ele não queria vender uma fazenda perto de uma área florestal na beira de um rio, onde poderia ser implantada uma empresa multinacional, e que a venda renderia um grande lucro, suficiente para pagar todos os seus compromissos financeiros.
Ao chegar à fazenda, a fim de consumar a ação criminosa, parou o carro um pouco depois da cancela e entrou andando, com a arma no cinto. Viu uma fila com muitas pessoas e um caminhão parado com um homem entregando comida, dentro de cestas básicas.
Ele perguntou na fila:
- Quem é esse senhor que está entregando essa comida?
Uma pessoa da fila explicou:
- É o dono da fazenda. Graças a Deus, uma vez por mês, ele entrega para todos nós uma cesta de comida. É um homem muito bom.
- Ele é político? Continuou perguntando.
- Não. Ele não gosta de políticos. Acha que todos são mentirosos.
O matador continuou andando e olhando a alegria das pessoas pobres. Ao chegar no caminhão, perguntou ao homem em cima do caminhão:
- O senhor é Leonam do couro?
- Sim, ele respondeu. Por quê? Quem o senhor?
- O senhor não acreditar. Poderia descer um pouco e deixar outras pessoas entregando as cestas?
- Sim. Vou descer.
Foram andando até a casa, onde lhe foi oferecido um café com beiju, cuscuz e ovos.
- Vou lhe contar o que eu vim fazer aqui. Existe alguém que mexe com empresa de gado nesta região que quer comorar a sua terra?
- Hummm. Parece que essa terra é um ponto estratégico para uns empresários estrangeiros, ligados a pessoas influentes no estado. Fui procurado umas dez vezes, mas esta fazenda vem desde os meus tataravós e não está a venda. Desde aquelas épocas que sustentamos umas cem famílias pobres da região, que não tem condições se sobreviver apenas com as plantações, pois como você pode ver, aqui é muito seco e o que nos salva é o rio, com a irrigação que eu fiz, para molhar os plantios.
- Estou vendo. Eu sou um matador profissional e fui contratado para lhe matar, mas agora estou vendo que não posso fazer isso, pois eu também mataria muitos pobres que dependem do senhor.
- Quanto lhe pagaram para fazer uma atrocidade dessa?
- Deram R$ 500,00, passagens parece chegar na cidadq e aquele carro alugado que está na cancela, para eu vir até aqui. Vou voltar e devolver o dinheiro. Não vou fazer o trabalho.
O fazendeiro teve uma ideia. Mandou que ele esperasse e foi buscar R$ 500,00. Deu ao matador e disse:
- Tome. Pode devolver o dinheiro e fique com esse. Volte para a sua terra e seja feliz, pois estou vendo que você ainda é um homem bom, que só quer tirar do mundo as pessoas que não ajudam ninguém.
- Obrigado! Agradeceu, levantou e partiu.
Ao chegar na cidade, ele foi procurar o mandante, o encontrou na mesa do "bar do minador", uma zona de prostituição. Ofereceu de volta o dinheiro do aluguel do serviço, informando que não encontrou o homem mau com aquelas características que o mandante encomendou para matar.
- O que? Não acredito! - Bradou o mandante. Matadorzinho de meia tigela ... frouxo ... Você não mata nem formiga!!!
Rodatam nunca havia sido tão desrespeitado.
- Eu estou arrasado com a sua covardia! - continuou xingando o mandante.
Rodatam nada respondeu, somente seus olhos foram ficando vermelhos de ódio reprimido, mas não perdeu as "estribeiras". Colocou o dinheiro em cima da mesa e saiu devagar, andando contando os passos, como se o chão tivesse cheio de brasas.
No dia seguinte, pela manhã, encontraram o mandante morto, no banco de trás do carro, dentro da garagem da própria casa, com uma caixinha de veneno de matar ratos vazia nas mãos, com sangue coalhado que saiu pela boca e narinas.
- Coitado! Suicidou-se. - Disseram os policiais que foram fazer o levantamento cadavérico.
Aquele foi o pagamento de quem manda matar e não paga um matador que não tem preço para aquele tipo de aluguel.
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 25/08/2014
Alterado em 31/07/2015
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