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João Bosco do Nordeste
Professor Mestre em Educação e Administrador empreendedor
Textos
Milagre pelas estradas da vida
Era um final da tarde, na “boca da noite”. Eu estava saindo do trabalho de uma cidade do interior para voltar para casa, onde eu passaria o final de semana. A estrada estava toda esburacada e sem acostamento. No banco de trás estava um colega, que queria viajar descansando. Eu concordei.
Eu andava pelas estradas da vida sem rumo, automaticamente, passando por tudo e por tidos sem me preocupar com os encantos e desencantos.
Pensava de como se deveria exercer uma função digna aqui para não padecer na obscuridade da alma. No fundo, no fundo, nada me interessava nos meus passos naqueles dias.
Foi nesse ínterim durante uma viagem com o meu primeiro carro, um Chevette, quando um senhor me pediu carona. Maltrapilho, barba enorme, olhos baixos, semblante triste, mas com um cheiro agradável.
Parei e perguntei:
- Para vai, senhor?
- Vou te guiar. Respondeu.
Claro que eu não entendi. Ele continuou falando:
- Sabes que não é assim que se anda por essa estrada?  Estás se deslocando com muita velocidade, está sem rumo, desobedecendo sinais que foram colocados para não te perderes. Olha mais um pouco para quem está do teu lado, não dê atenção apenas a quem se coloca à tua frente como uma pedra em teu caminho. Conte com as coisas do alto. Hoje, nesse trecho mais difícil, você parou para me dar carona, mas quantas vezes eu fiquei nessa mesma estrada do teu trabalho e passavas direto. Outros tantos também não me dão carona.
Para aquelas pessoas que se julgam superiores, coloque mais degraus nos pedestais delas, para que elas subam ainda mais, pois serão ricas e altos de ignorância e pobres de espírito.
Eu retruquei:
- Deixe eu explicar uma coisa.
Ele continuou.
- Espere! Você sempre teve todo o tempo para falar, mas as palavras estavam vazias. A partir de agora vai falar menos e será mais ouvido por todos, com propósitos a desenvolver, espalhando o bem, sendo mais útil na vida e espalhar a paz e a Luz que nunca irá se apagar, bebendo uma água viva. Nunca estará só nos teus caminhos a partir de agora. É isso!
Quando estávamos passando numa estrada melhor, ele pediu para descer junto de uma cabana isolada à beira do caminho. Eu parei o carro e ele desceu. O tempo passou tão rápido, que parecia não ter passado.
Ele agradeceu:
- Vou ficar aqui. Obrigado pela carona e siga agora por esta estrada. Se precisares de novos conselhos, dê outras caronas ... quem sabe a gente volte a se falar. Lembra-te: estou descendo da carona, mas eu não vou descer da tua companhia ...
Novamente eu não entendi quando ele disse “mas eu não vou descer da tua companhia”.
Ao descer no escuro, parece que ele entrou na cabana, mas não sei dizer se tinha porta e se estava aberta. Nas viagens seguintes eu não percebi mais a existência daquele cabana. Também não sei mais dizer se ela existiu.
O colega que estava no banco de trás do carro levantou e disse:
- Que frio foi esse?  Porque parou?
- Você estava ouvindo? Viu quem estava aqui na frente comigo na estrada?
- Não! Tinha alguém? Eu acho que dormi umas duas horas pela viagem inteira, pois eu estava cansado.
E uma brisa soprou na noite que estava começando. Ali foi quando eu percebi que finalmente quem acordou fui eu, de um sono que eu sempre estive adormecido.  Claro que eu não expliquei nada ao colega de trabalho, pois ele não iria entender. Quem sabe um dia ele também possa dar uma carona daquela.
A vida agora será sempre como uma Noite feliz!
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 25/08/2014
Alterado em 29/08/2014
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