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João Bosco do Nordeste
Professor Mestre em Educação e Administrador empreendedor
Textos
Enterrando uma fortuna
Certo dia num cemitério estava acontecendo um enterro, a cidade praticamente toda foi consternada, porque se tratava de uma celebridade naquele região, vista praticamente somente na TV.
Os homens da família estavam todos empacotados de paletós e gravatas, e as mulheres com penteados de salão e roupas do shopping.
O dia estava com um sol lindo e um escuro de tristeza.
Todos esperavam chegar o cortejo no desfecho final, que há uma hora saiu do local do velório, mas os protocolos não deixavam caminhar mais rápido. Era assim, como os convidados de um casamento, que esperam pela noiva lá na igreja.
Chegavam médicos, engenheiros, políticos, advogados, contadores, administradores  ... enfim, as maiores autoridades da cidade.
A celebridade era uma senhora da alta sociedade, linda de morrer, que havia passado seus últimos três anos em salas de cirurgia, cuidando da aparência. Turbinou a bunda e os peitos, mexeu no queixo e nariz, tudo para parecer mais jovem aos olhos do mundo, tão sujo quanto exigente de aparências das pessoas.
Chegou o cortejo. Depois das ladainhas e de expressões de saudades, muitos diziam que se soubesse que iriam perdê-la com apenas 55 anos, teriam amado mais, perdoado mais, chorado mais, conversado mais e visitado mais. Mas aquele momento não poderia voltar atrás ou deletar da história.
- Descanse em paz! Disseram.  
Descido o invólucro corporal no funesto espaço eterno, as pessoas começaram a deixar o recinto funesto.
No meio dos participantes daquela vigília estavam conversando três membros da família, quando alguém se expressou chateado:
- Enterramos US$ 150 mil.
Não conformado, alguém perguntou o que aquilo significaria, pois não era possível que colocaram pertences caros nas gavetas do caixão, mesmo porque caixa não tem gavetas, e quando os arquivadores de mortos sabem disso, alguns tendem a buscar esses bens valiosos na profundidade de sete palmos da “eternidade”. Um jovem deles respondeu:
- A tia nesses três últimos anos fez onze operações plásticas para retardar o envelhecimento do corpo, gastando uns US$ 150 mil do meu tio. Ocorre que ela morreu por deficiência cardíaca. Mexeu tanto nas plásticas e se esqueceu de cuidar do coração.
- Hummmm. Entendi.
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 08/09/2014
Alterado em 02/02/2015
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