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João Bosco do Nordeste
Professor Mestre em Educação e Administrador empreendedor
Textos
Adoção - Uma herança quando se adota por amor
Edia, uma filha solteira, com 35 anos, vivia longe da família que morava na capital, pois por opção fugiu de casa para o interior aos 20 anos de idade, trabalhando numa loja, como escriturária e atendente.
Por obra do destino, como mãe solteira, acabou dando luz a um filho num hospital público no interior onde morava, e como não tinha condições de criar, ofereceu ao casal Leonam e Airam, possuidor de uma pequena propriedade rural, e que estava fazendo uma visita a algum parente no mesmo hospital naquele dia.

Edia tinha um pai muito rico e ainda estava vivo, possuidor de uma frota de navios, mas a mágoa dela era porque seus pais nunca procuraram saber sobre a vida dela ou do neto, mesmo sendo ela a sua filha única que fugiu de casa por não concordar com os métodos de criação e das imposições do pai, que não acompanhou a vida dela, piorando o acompanhamento depois que se mudou para uma cidade distante.

Vivendo só, mas com companhias variáveis, pouco tempo depois soube que a mãe havia morrido num sanatório, e que o pai só vivia viajando em seus navios de cruzeiro, elevando a cada dia a quantidade de patrimônio.

Um pouco mais de três anos depois do nascimento do filho, ao meio dia de uma segunda feira, uma amiga estranhou que Edia não apareceu na loja onde trabalhava, e ao chegar à casa dela, a amiga chamou várias vezes, mas ninguém atendia. Chamou os vizinhos, e após algumas tentativas, abriram a porta, encontrando Edia no chão da sala com marcas de tortura e morta asfixiada. A polícia foi acionada, mas não prosseguiu nas investigações sobre o crime, pois ninguém se interessou em acompanhar. Os patrões a enterraram.

Certa ocasião, depois de 10 anos, o pai soube, através de um advogado, que existia o registro do nascimento de um menino num hospital daquela cidade distante, em nome da sua filha Edia, que havia falecido um ano depois, vitima de um aneurisma (estava escrito no atestado de óbito). O velho pagou para que o Edir fosse buscar a localização da criança, quando foi constatado que o menino havia sido adotado por aquela família de produtores rurais, numa fazenda distante, morando feliz com um pai, mãe e dois irmãos, filhos do casal que o adotou, e a mãe, Edia, que havia morrido há 8 anos. Portanto, o neto estaria com 9 (nove) anos.

O advogado falou com o avô que a adoção não foi cumprida com todos os requisitos da lei, faltando a expedição do documento aprovado pelo juiz, por isso tentaria de todas as formas trazer aquele herdeiro de volta para o seu avô, que daria como herança toda a sua fortuna. O velho Foi orientado pelo advogado a fazer uma visita ao menino. Ele aceitou. Mandou o motorista preparar o carro para partirem no dia seguinte, logo cedo, pois a viagem iria demorar durante todo o dia, pois o único acesso seria pela estrada.

Na viagem, o velho já levou alguns presentes para o menino e para a família de criação. Chegando lá ao final do dia, apresentou-se dizendo que queria apenas fazer uma visita ao neto. Ao saber quem era o senhor, já com uns 85 anos de idade, os pais adotivos se colocaram à disposição para ajudar no que fosse preciso, mas não sabiam a real intenção do avô, que era levar o garoto.

O velho pediu hospedagem na própria fazenda por dois dias, ficando o motorista alojado no celeiro, dentro do carro. O neto, muito alegre, sabia agora que não estava mais sozinho no mundo e sem parentes originais de sangue, apesar de amar verdadeiramente os pais adotivos.
Na manhã seguinte, o avô pediu para dar uma volta de carro com o menino.  Durante o passeio disse que estava ali porque veio buscá-lo para morar com ele, pois naquela idade, já viúvo há uns 20 anos, não tinha mais nenhum parente e não gostaria de morrer sozinho com toda aquela riqueza sem ter para quem deixar, e que ele iria fazer um depósito mensal para todas as despesas do menino na cidade grande, inclusive de colégio, faculdade e viagens.
O menino ficou muito chateado, pois nunca pensou que fosse deixar aquela família que tanto o amava, depois de tantos anos de vida juntos. Ele entendia que os bens ou riqueza não importava mais do que o amor que recebia dos pais adotivos. Também naquela idade ele não tinha noção do que toda aquela oferta representava.

Ao voltar para casa, o velho chamou o casal e explicou tudo, pedindo que os dois ajudassem para que o menino entendesse a razão de tudo o que estava acontecendo e fosse morar com ele. O pai adotivo disse que a decisão seria da criança, mas não aceitaria que o velho fizesse qualquer pressão. Combinaram conversar à noite.

Quando chegou a hora do café, os cinco estavam à mesa: os pais, o menino, o avô e o motorista. O avô começou a falar para o neto dos melhores colégios, da casa enorme, motorista à disposição e passeios quando quisesse na capital onde morava. Os pais disseram que queriam ouvir o garoto, que então se expressou:
- Eu gostei muito de saber que o senhor existe, e que eu terei uma vida boa a partir de agora, pois o senhor me prometeu a fazer depósitos mensais em dinheiro numa conta para custear meus estudos. Minha família vive com muita dificuldade, tendo os meus pais que trabalhar vendendo legumes, verduras e leite, semanalmente, para a feira da cidade mais próxima, a fim de sustentar a todos nós. Somente pela sua visita, eu já posso dizer que lhe amo muito e que se quiser morar por aqui perto, ou vir me buscar nas férias para passar uns dias com o senhor, será muito bom, mas o amor que eu recebo aqui não tem preço. Peço, por favor, que o senhor entenda. Não quero sair daqui, de jeito nenhum.

Foi um silêncio profundo. Ninguém queria mais falar naquele momento, porém o velho retrucou:
- Eu posso ficar com o garoto através da justiça, pois sou parente consanguíneo dele e existe uma falha no processo de adoção. Eu não entendo como isso está acontecendo. Eu pensei que seria fácil tirá-lo dessa pobreza, vivendo sem perspectiva de futuro, limpando curral, ajudando nas hortas e tirando leite das vacas para vender, com pouco mais de nove anos, mas não sei o que fazer agora.

Os pais adotivos entenderam a situação, pela idade do senhor e pelas condições favoráveis oferecidas e que poderiam servir no futuro, mas pediram algum tempo para tentar convencer o menino sobre essas condições. Para isso solicitaram que em 30 dias o avô voltasse para fazer outra visita.
Como não havia alternativa, a não ser a ação judicial, que também poderia demorar muito, o velho concordou. O menino levantou-se e foi chorar no colo dele, daquele avô com um coração vazio e culposo, por não ter dado amor à filha, preocupado somente com ter mais e viajar nos seus navios pelo mundo com a esposa, nem ter sabido da existência do neto logo ao nascer. Ele, inclusive, teria deixado a esposa morrer de tédio, internada num hospício.
Foram dormir e pela manhã o velho viajou de volta para a sua cidade.

Para a surpresa de todos, passados uns 25 dias chegaram o advogado e o motorista na fazenda. Os dois procuraram os pais do garoto e deram a notícia que ninguém estava esperando: O avô morreu há cinco dias, deixando um testamento, que foi entregue ao Pai adotivo do menino. Quando ele abriu o envelope e leu, quase caiu de susto. Tudo foi deixado para o neto. Desde três navios, cinco casas 3 carros e uma casa de praia, além de um valor significativo na conta do banco. No final do testamento deixou uma frase: "que o dinheiro também sirva para ajudar os verdadeiros pais do meu neto, que souberam criar com muito amor, honra, dedicação, estudo e trabalho. Vi amor nos olhos do meu neto, e não tem dinheiro que pague essa felicidade".

O advogado pediu para que o pai adotivo fosse o tutor do garoto, e seguisse com ele até a capital para assinarem os papéis das empresas, vendendo o que fosse preciso para colocar num banco, administrando os valores até a idade maior do menino, quando passaria a administrar seus próprios bens.  
Moral da história: faça bem o que lhe for atribuído por Deus, pois tudo o mais de bom poderá virá por acréscimo.
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 29/10/2014
Alterado em 11/11/2014
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