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João Bosco do Nordeste
Professor Mestre em Educação e Administrador empreendedor
Textos
Avô e Netinho agora moram no céu
Numa manhã ensolarada de uma cidade do interior, um velhinho de 90 (noventa) anos, viúvo há 20 anos, com sérios problemas de saúde, inclusive no coração, está sentado num banco de um parquinho infantil de uma praça, embaixo de uma frondosa árvore, na frente da casa onde morava com sua filha e um genro. Ele ficava ali, esperando o seu neto falecido para brincar. A saudade era tanta, que ele dizia ter encontros diários. Mas o neto ainda não havia chegado até aquele momento.
Pouco tempo depois, chegou a sua filha e o genro, os pais do menino.
- Meu pai, vamos para casa. Disse a filha.
- Não querida. Só vou depois de conversar com meu Netinho.
Acontece que Netinho morreu de leucemia com apenas 10 anos, há dois anos, sendo o avô o seu maior amigo, e com quem ele ficava quando os pais iam trabalhar, mas ele não conseguia se desligar do menino. Ele só voltava para dentro de casa feliz, depois de conversar com o netinho.
O genro pegou em seu braço e tentou levantá-lo do banco, mas ele não quis sair, dizendo:
- Pronto, podem ir embora, ele já está chegando.  - Ninguém via nada.
- Meu pai o senhor vai demorar? Perguntou a filha.
- O meu papo com ele é de meia hora, mais ou menos. Depois pode vir me buscar, que irei para casa.  
Para deixar o velhinho calmo, deram beijos nele e entraram em casa. Dai a pouco ele sente o Netinho se aproximar dele e se sentar ao seu lado, começando uma conversa muito legal. A conversa pega gosto e o menino deita a cabeça no colo do avô. O velhinho começa a cochilar também e é quase acordado por um senhor todo de branco, colocando as mãos na sua cabeça, sentindo uma imensa paz e o banco do jardim que estava subindo, subindo, até entrar nas nuvens e sumir da terra.
Em poucos instantes o menino abriu os olhos e disse:
- Meu avô, a gente agora nunca mais se separar. Veja quem está esperando para nos receber. É vó Ana.
Naquele momento a parte daquela família ficou completa, pois o céu se abriu para derramar toda a Graça de Deus sobre aqueles amados.
Quando a filha e o genro voltaram mais tarde, viram o velhinho deitado no banco, dormindo o sono dos justos, sem qualquer dor, doença ou tristeza. O sorriso dos lábios era de muita felicidade. Abraçaram aquela dor ali mesmo, onde estava sendo aberta a porta de uma nova saudade.
O lugar dos dois já estava reservado na Casa do Pai.

- Conto do autor, no Livro Graciliano Ramos e convidados, da Editora MágicodeOz, 2018.
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 26/11/2014
Alterado em 27/11/2018
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