× Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Prêmios Livro de Visitas Contato Links
João Bosco do Nordeste
Professor Mestre em Educação e Administrador empreendedor
Textos
História de um pescador – Capítulo II
Como vimos em História de um pescador - Capítulo I, Guiça encontrou a irmã da Iara, a Rainha das águas. Com o nome de Lara, ela fez uma premunição: tudo que ele falasse de mentira como pescador, deveria ser transformado em verdade, na prática. Ele era separado da terceira mulher, e morava sozinho agora numa casinha, na vila dos pescadores.
Pois bem, no dia seguinte ele estava andando pela calçada em direção à praia, tomado banho, perfumado, e viu uma linda mulher, toda certinha, bem feitinha e bonitinha. “Uma gracinha”- pensou ele. Ao passar por ela, ele perguntou:
-  O que tem pregado em sua boca? Ela respondeu, nada. Ele arrematou: - pensei que era meus lábios.
Ela achou aquilo muito lindo, e iniciou um diálogo.
- Como é o seu nome, e o que você faz?
- Meu apelido é Guição, o pescador campeão! Quando vou pescar só volto com o barco cheião e carregadão de peixes, que de tanto, parece um mar de água.
- Hummm! Que ótimo! Eu me chamo Aral, sou de uma família árabe, dona de vinte indústrias de tecidos e dois shoppings no Brasil, e estou aqui só de passagem. Vamos andar um pouco na praia nesta manhã?
O que poderia ter sido maior sorte do que aquela? Andaram, andaram e conversaram. Ela tornou a perguntar:
- Quer dizer que meu amigo é pescador, dos bons? Quando vem da pescaria o barco vem carregadão de peixes? Fui comprar uns peixes ontem no frigorífico e alguém estava contando a história de um pescador mentiroso, e parece que o nome dele era biça, tissa, linguiça, carniça ... algo assim. Mas parece que você nem toma sol direito. Não é queimado de sol.
- Sim, sim.  Mas o meu barco é coberto e geralmente eu só pesco à noite. Chego de madrugada no cais, por isso ninguém me vê chegar com os peixes. De dois em dois dias eu vou ao mar. Fui ontem e hoje estou descansando. Esse pescador mentiroso não sou eu não.
A conversa ficou interessante, até que aconteceu o inesperado:
- Amanhã vou pescar com você à noite. A gente aproveita e namora à luz da lua cheia.
Xi!!! E agora? O que fazer? Vou alugar o barco de Mané e vou traçar mais uma mulher para a minha coleção. Mulher é tudo igual. Acredita em tudo que a gente fala. Umas bobinhas – pensou ele. Mas a pescaria daquele peixão estrangeiro não estava previsto, e teria de arranjar um jeito de levá-la para o alto mar. Disso ele entendia, pois foi criado ali. Depois de algumas horas de amor voltaria para o cais e colocaria a culpa da falta de peixes em qualquer coisa.
- Tá bem! Vamos sim. Vou preparar o barco e às nove da noite a gente se encontra ali, na frente da casa de pedra, perto do cais. Vou levar comida e cobertor, para a gente se alimentar e namorar no friozinho que dá depois de meia noite.
- E pescar, nada? – agora quem pensou foi ela
Dito e feito. Deixou a “namorada” perto de uma casa mal assombrada da praia – onde ninguém tinha coragem e entrar, mas do lado tinha uma passagem para um condomínio de luxo. Logo, ela estaria passando aqueles dias no condomínio de luxo. Certo?
Depois foi procurar novamente o amigo Mané Lambão, o “barrigudo comedor”, que só comia com molho “lambão”, mas não pescava mais, alugava o barco para Guiça, no único dia que saía para pescar na semana – e que nunca trazia nada, e para a cooperativa de pescadores nos outros dias. Mané explicou que ele fazia o molho lambão com 1 cebola pequena cortada em cubos pequenos; 30 pimentas malagueta; 4 pimentas de cheiro; 4 colheres (sopa) de vinagre; 2 colheres (sopa) de azeite de oliva; 1 tomate cortado em cubos pequenos;10 talinhos de coentro picadinho; 1 e meia colheres (chá) de sal; 50 ml de água; e 1 colher (sobremesa) de limão. Pronto! Guiça lambeu os “beiços”.
Combinaram o preço do aluguel, das 21h até às 2h da manhã. “Já dava bastante tempo para enfiar a isca no anzol” ou o “anzol no peixão” – pensou ele.
Depois de tudo acertado, a mulher não deixava a sua mente, por isso ele saiu andando pela praia à tarde, e nada da namorada. À noite voltou para casa e tomou café. Mais tarde voltou a andar na praia, até a casa mal-assombrada. E nada! Foi para a cama, dormir apaixonado. Não contou para ninguém, mas deixou um bilhete embaixo da cama, embaixo do penico: “Encontrei meu bem querer. De pobre vou ficar rico. Pescar vai ser coisa de besta. De pescador vou ser comprador, um dia eu volto para essa merda, onde vocês vivem, otários. Venho pagar as contas dos bares e das queridas prostitutas que me serviram o deleite, mas nunca me deram amor. Vocês sabem como é o nome do irmão de Rui? É FUI”.
Deitou, fechou os olho e foi dormir.
--------
(O vai acontecer? Só vamos saber no 3º e último capítulo.)
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 09/02/2015
Alterado em 10/02/2015
Comentários