De que lado você está? 2ª parte
Agora ninguém se acalma, a massa começa a se movimentar, pois a voz da rua é pesada, a moral exige ética cada vez mais, salvando o Brasil dessa rusga, para que serve uma selfie no escuro? Esperamos o renascer de um novo dia, e nada ficará escondido do outro lado do muro aos olhos Deus.
Promessas sem fundamentos não deram certo por décadas, mentiras e até humilhações feitas em formas de gerúndio: "prometendo, querendo, pensando, imaginando, transformando" a vida passou a andar à beira de um grande precipício de particípio tornado, sofrido, perdido, esquecido, despercebido e entristecido. E agora, as comportas abrindo para águas inundarem terras secas, tornando verde a esperança, quem se achava dono da chave do cofre ficou com tudo e esculhambou, pensando que todo mundo estava do mesmo lado, e até quem estava daquele lado viu que estava do lado errado e mudou de lado, deixando de catar coquinho.
Como num filme, a tela se abriu e o povo começou aos poucos a acordar com o sol forte na cara pela manhã, e com a rua despertada, depois de ter-lhe roubado o sonho, apenas uma pequena parte do seu latifúndio, entendendo que não dava mais para ouvir nenhuma lengalenga, de que de nada sabia, que nada viu e nem o dinheiro escondia, mas as contas foram exibidas pelos antigos bons companheiros de sua excelência, depois da dormência de não se lembrar mais de nada e que nada lhe pertencia.
Caberia ao Congresso dizer: chega de sabedoria, mas as plantações de ideais estavam regados pelas águas do rio Rouanet, que Caetaneou, Buarcou, Sangaleou, Betaneou e Leitou, e quando a seca chegou nos leitos, os gritos podiam ser ouvidos do outro lado do inferno, como apostava qualquer um José Neto, tudo ficaria encoberto.
O mundo que pensava ser apenas deles foi chegando ao fundo, a turba foi percebendo que poderia fica difícil continuar enriquecendo, com muitas autoridades saindo do bolso, e um tal de Pavarote que cantava de galo carregando um poste, passou a piar, e há quem ainda goste.
Quando apagou a luz, os amigos sumiram, dizendo:
- No desespero da fuga ninguém se encosta em porco espinho.
A solidão do palácio bateu à porta, vendo a hora do espanto, o rei se refugiou numa fazenda para criar os seus jumentos, tentou ensacar vento sem popularidade e bateu o tormento e desespero, mentiras por todo canto, dentro do vil pardieiro, como é no quarto do pânico e cheio de dinheiro, chamou o povo para a rua, pagando com uma graninha e uma quentinha, usando apenas como frias massas de manobra ou mercadorias sem valor, mas ninguém quis aceitar a oferta, para não perder o resto da dignidade, de vermelhas analfabetas e sem rumo, para viver num País verde-amarelo, juntas com outros cidadãos de respeito, do lado de quem luta pelo seu futuro e educação, querendo um Brasil melhor.
Vendo o roubo pra todo lado, a massa saiu de mansinho, deixando a arrogância do dono no palácio do caminho, passando a fronteira da rua e foi mudando de lado, em busca da cidadania, estudo e também trabalho, aprendendo uma profissão, numa capacitação, mostrando mais dignidade para a família e amigos, reduzindo a ignorância, sem mais querer ser refém de qualquer trote ou pacote, saindo de perto do poste, deixando de ouvir Pavarote.
Para aumentar a desconfiança, o medo venceu a falsa esperança, as contas foram subindo, inflação desembestando, os juros indo às alturas, o povo recebeu uma furada na barriga com a ponta de uma tal estrela.
Aumentou o preço da energia, da água e do gás todo dia, o porco fugiu da feijoada e a carne correu da churrascaria. Mesmo com o preço do petróleo mais baixo no mundo, aqui só baixou em véspera de usar as urnas, depois voltou a subir e o povo a sofrer demais. Saquearam a Petrobras, encheram os sacos de milhões em contêineres, contas no exterior e apartamentos de capitais milionários. Enquanto isso, à beira da piscina da fazenda, o chefão fazia farras para os mais chegados, pois o restante era uma rede de otários.
O poste deu suas descargas, chiou, deu murro na mesa e gritou que queria dar sequência das trevas por mais quatro anos, mas isso chateou o rei-chefe-amigo, saindo do seu lado, quase sendo eletrocutada, chegando água suja e famílias assassinadas na conta, os eleitores estarrecidos, viam as promessas escorrendo pelos esgotos.
O chefão quis fugir com uma tal de Noronha, mas milionário, foi entregue pelos comparsas que continuaram pobres. Ela sumiu.
A riqueza foi se esvaindo para as mãos dos advogados milionários, cada vez mais caros nesse grande pardieiro, sem ninguém saber direito quem lhes pagam e nem a origem do dinheiro.
A justiça de olhos tapados não devia facilitar a fuga de bandidos da prisão. Podia ser que o avião já estivesse ligado e pronto, para destinos como a África ou Paquistão, quem sabe talvez Milão, vai-se um dedo, mas não vão-se os anéis, e a coisa ficou mais feia.
Onde está uma tal de rosa, ou Meire, que longe da cadeia no exterior goza a vida sabendo de tudo, mas não quer ser importunada, porque já foi trocada de novo, ganhando para ficar calada, com a certeza de que a federal não vai bater à sua porta, com seguranças em casa, pois outros também comeram dos pães que o diabo amassou, deixando muito rabo preso no crime desorganizado do partido tenebroso, levando até muitas pessoas que eram de bem para serem perdulárias, transformando o futuro de todos na esperança de poucos.
Quem é mais infiel com o Fies? E o cartão da Casa Melhor? Ninguém pagou e ficou pior. A bolsa virou caso de polícia na casa e na vida. Milhões de verbas sociais foram canceladas pelos tribunais. Os diretores das empreiteiras abriram as bocas e deram as ordens, e tudo virou uma desordem, oferecendo tudo a um tal de amigo especial, que nem o amigo sabia quem era esse amigo do amigo, mesmo sendo tão amigo.
Uma bondade pela compra provisória de medidas milionárias em troca de bens e tudo virou um tormento, pois todos sabiam que se tivesse alternância de poder acabaria a folia e a sujeira debaixo do tapete sairia. Mesmo o amigo dizendo que não era nada do amigo milionário, os ricos advogados lutavam para que não os tirasse da família e continuasse comendo do bom e do melhor.
Como todo metido a sabido bota sempre a culpa nos asseclas, como se fossem frutas, especialmente laranjas, não desconfiando que eles estavam fingindo. Jogada a isca certeira, o rato caiu na ratoeira.
Portanto, não fez sentido a armação ganhando e gastando tantos milhões, pois esse tipo de ilusão nem a embriaguez da cachaça desfaz. De trás para a frente ou de frente para trás.
O Brasil está de cá para lá ... Os corruptos estão de lá para cá...
De que lado você está?
- De lá para cá ou de cá para lá?
(pode continuar lendo a 3ª e última parte da crônica: http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/5181783)
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 24/03/2015
Alterado em 24/02/2021