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João Bosco do Nordeste
Professor Mestre em Educação e Administrador empreendedor
Textos
O amor, esse velho enganador de velho.
Em literacity morava um senhor com o nome de Redenção que viveu na gastança nos melhores anos da vida, quando as cabeças mandavam e o corpo dele obedecia. Tinha uma mulher aqui, outra ali, numa história bem interessante.
Aos quarenta anos ainda quase analfabeto funcional, já podia comprar o carro que quisesse, tinha fazendas e tudo do bom e do melhor. Quanto mais ganhava, mais procurava gastar com as amantes.
Teve filhos e ainda assumiu em determinado tempo os filhos de nova amante.
Sua casa era bonita, mas seu lar ficava cada vez mais vazio. Tudo mostrava que o futuro seria comprometido, mas quem era Redenção não precisava pensar nisso.
O tempo foi passando, vivendo novas aventuras, com praias, hotéis, presentes, dinheiro, casa, móveis e outras ajudas menos onerosas, até ficar só, depois dos cinquenta anos.
A vida empresarial foi tomando novos rumos, vendendo sua parte numa sociedade muito rentável, para se dedicar apenas a atividades rurais, com criação de animais e lavoura.
Morando praticamente sozinho, começou a sentir problemas de saúde. Aumentava as consultas médicas e a quantidade de remédio. As fazendas iam crescendo, mais gado, mais dinheiro, mais dinheiro para gastar. Arranjou uma mulher com uns 40 anos de diferença de idade, que começou a levar para casa, para os passeios e dividir um pouco do dinheiro.
Num belo dia sentiu-se mal e o médico da família sugeriu que ele fosse internado num hospital para fazer alguns exames. Lá, a vida iria mudar definitivamente. Não, não foi a morte, foi uma nova candidata a esposa que surgiu. Uma enfermeira com as mãos macias, uma conversa baixinha no pé do ouvido, uma massagem aqui, outra ali, foi conquistando o velho com seus mais de sessenta anos. Ela era viúva tipo virgem, toda espichada e arrumada, parecendo prateleira de sala de barão. Tudo no lugar.
- É essa! – pensou ele. – Agora seria feliz, finalmente.
Começou a levar a enfermeira para os passeios, a dar presentes, a pedir opinião nas fazendas, a receber as massagens e tomar uns remedinhos expertos e vigorosos que ela orientava. - Êh vidão! Esqueceu até a novinha com quem se divertiu durante uns dez anos. Com pena , às vezes mandava um dinheirinho para ela.
- Amorzão ! Queridão ! Maridão ! – assim ele era chamado pela enfermeira apaixonada.
Ele comprou uma casa num lugar muito valorizado e foi morar com a mulher e os filhos dela. O amor era tanto, que ele foi instado pelos filhos dela a se casar com ela, pois aquele amor era uma coisa de cinema. Ele dava presentes aos filhos dela muito mais do que aos seus próprios filhos. Tudo estava armado.  Isso, claro, não iria dar certo.
Acertaram para se casar num cartório de outra cidade, onde os amigos e os parentes dele nem soubessem. Pronto! Casaram e acabou a folga!
Dai para a frente, foi só desilusão. Depois de alguns dias, por exemplo, o pobre do homem estava na garagem da casa e ver sair a esposa para trabalhar, mas no momento da ré no carro, a mulher encaixou a primeira e espremeu o homem na parede. Quase quebrou as duas pernas do maridão. Desculpe! Foi sem querer, querido. Levou o velho ao hospital e tudo foi sanado com um bom atendimento médico.
Parecia tudo bem, com carinhos nas pernas do maridão, deu remédios para dor nas horas certas e massagens noturnas, até que aconteceu o menos esperado. Numa noite dessas, ela pediu para que ele assinasse um documento que daria acesso ao hospital, onde ele passaria a ter toda atenção rápida, como se o documento fosse um tipo de cartão de saúde, para ele e os filhos, sem precisar da intervenção ou presença dela. Ele achou tão bom que nem contou conversa, e passou a assinatura no papel. Depois que foi massageado, dormiu. Que maravilha!!!
Num determinado dia, numa das fazendas, o vaqueiro disse que iria vender vinte cabeças de gado que já estavam bons para o mercado e ouviu dela que nada fosse vendido sem falar primeiro com ela, sobre a quantidade e valor. Ninguém da fazenda entendeu, mas vamos para frente.
Nos dias seguintes, em casa, o senhor Redenção mostrou-se triste e arrependido pelo que soube através do seu vaqueiro, e disse a ela que estava pensando em vender uma das duas fazendas. Para sua surpresa e motivo de baixar no hospital novamente com problemas de coração, ela disse:
- Qualquer coisa que você vender, a metade é minha.
- Como? Não pode ser. Tudo é meu. O que você quer dizer com isso?
Ela foi no quarto e pegou um papel, mostrando a ele que além do contrato feito no casamento no civil, existia uma declaração assinada por ele que passava 50% de tudo para ela. O documento estava registrado, autenticado e reconhecido firma em Cartório. Ele pediu a cópia e levou no dia seguinte a um advogado, que sentenciou:
- Aqui não tem jeito. Eu nunca havia visto um documento desse, com tanta perfeição de mandato. Tudo que vender, dê a ela a metade.
Ele ficou tão chateado que foi vendendo tudo, dando metade a ela, exceto a casa onde moravam, que já estava em nome dela mesmo.
Resultado: não sei se ele ainda vive, mas não deve ter melhores motivos para viver, pois naqueles meses deu a parte dele para os filhos, que não tiveram a estrutura familiar e orientação para segurar a barra e seguir um bom caminho, gastando tudo.
No hospital, ela continuou a dar massagens e atender aos seus pacientes, talvez procurando outro que que se torne seu impaciente. Coitados! Ela e deles.
Moral da história: Quem muito quer ter, sem entender como pode ser, é melhor não confiar apenas no que vê. Toda esmola bem embalada pode guardar uma surpresa desagradável.
(Do livro Rapsódia de um Sonhador - 2017)
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 10/04/2015
Alterado em 18/03/2018
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