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João Bosco do Nordeste
Professor Mestre em Educação e Administrador empreendedor
Textos
PESTELINO – O menino fustigador
Numa escola pública de ensino fundamental existia um menino com 13 anos, que de tanto importunar os professores, que dificilmente ficavam dando aulas para aquela turma, foi apelidado com o codinome de Pestelino, uma peste de menino, gostava muito de perguntar, e os professores não suportavam. O nome verdadeiro era Pedro Hortelino Matraca.  
Certo dia chegou uma nova professora, aos seus 50 anos bem vividos, e muitos cabelos brancos. Logo foi avisada desse problema, e ao chegar à sala de aula se apresentou e pediu para que todos se apresentassem também. Ela ficou mais ligada num determinado garoto feio, branquelo e com um boné colocado de frente para trás na cabeça, e sentava bem no meio da sala, com as pernas abertas e um short folgado, olhando o zap no seu celular durante as aulas.  
A professora durou apenas uma semana naquela turma, pois durante as aulas alguns temas deixavam a pobre da mulher de cabelos em pé e ainda mais brancos, mas ela se dizia preparada, mestre, doutora, PHD em estudos do comportamento infantil, mas teve de inventar respostas para as perguntas mais absurdas possíveis daquele menino.
Vamos relembrar como foi a única semana da professora naquela escola.

Na segunda feira, ela se apresentou e a aula seguia normalmente, quando o menino perguntou:
- Posso fazer uma pergunta?
- Pode! – Respondeu a boa fé da professora.
- Pró, por que quando minha mãe olha o computador do meu pai ela diz “que peste é essa Valdemar?”
- Não sei. Deve ser um problema de energia na sua casa ou algum erro no computador dele. – tentou desviar o entendimento do menino, mas ele não concordou.
- Não pró! A senhora é muito besta. No computador dele só tem muita mulher pelada.
- Vixe! Esquece isso Lino.
A aula continuou e ele não perguntou mais nada. Graças a Deus!

Na terça feira ele permaneceu calado durante quase toda a aula, mas antes de terminar ela começou a falar que todos devem estudar para não esquecerem os assuntos no dia da prova. Pronto, alertou o pestinha, que não se contentou em fazer uma só pergunta, e fez três:
- Professora, meu pai toma remédio para o esquecimento, mas nunca toma o remédio na hora certa, porque se esquece. Então pra quê ele toma o remédio?
- Vixe! Sei lá. Esqueci.
Ele nem deixou a professora acabar direito e entrou com a outra pergunta.
- Pró, minha irmã tem mais de vinte anos e um dia desses uma amiga dela foi lá em casa e eu ouvi quando uma disse para a outra quando entraram no quarto e trancaram a porta: “vamos botar as aranhas para brigar?”. Quando elas saíram eu peguei um inseticida e entrei no quarto e joguei embaixo da cama e em todo lugar. Não encontrei nenhuma aranha. A gente pode botar aranhas para brigar?
- Vixe! Sei lá. Devia ser de aranhas de plástico. – respondeu a professora com os olhos arregalados.
- Então deixe para lá. – falou o garoto, mas soltou outra pergunta.
- Pró, na hora que minha tia está rezando no quarto durante a noite, quando meu tio fala que ela continue tentando levantar o negócio, ela costuma responder para o meu tio: “Esse negócio nem Deus levanta!”. Que negócio é esse que ela fala?
- Vixe! Sei lá. Deixa pra lá. Pergunte a ela.
Depois de muita risada na sala, a professora encerrou a aula um pouco antes da hora.

Na quarta feira, ele pareceu que não iria falar nada. Estava de cabeça baixa a aula toda, mas a professora foi falar exatamente sobre a importância da língua, quando ele levantou a cabeça e perguntou:
- Por falar em língua professora, sabe quem é Jonata língua de sogra?
- Não! Quem é? – a professora não devia ter perguntado.
- É o homem que vai na casa da vizinha quando seu Rosendo viaja. A vizinha disse ontem a minha mãe que Jonata é bom de língua.
- Vixe! Deixa pra lá. Pergunte a sua mãe. Vamos voltar para a aula. Nas olimpíadas existem corridas. Quem corre mais, ganha ...
- Por falar nisso, pró, coração tem pernas?
- Por que? – a professora não devia ter perguntado.
- Porque de noite no quarto eu ouvi meu pai dizer para minha mãe: “coração, bota essas pernas para lá”.

Na quinta feira ela entrou na sala e o encontrou em pé dentro da sala. A coitada sentou e mandou que ele fosse para o seu lugar. Iniciou a aula falando sobre a higiene pessoal, e como todos deveriam tomar banho, escovar os dentes etc., quando ele já sentado e todo esparramado disparou:
- Pró, por que quando eu saio do banheiro molhado as pessoas lá de casa perguntam se eu tomei banho?
- Vixe! Sei lá. Cala essa boca menino. Pergunte a sua mãe. A família é uma coisa muito importante.
- Por falar em família, pró, o primo do avô da minha mãe é o quê do pai do meu cunhado?
- Vixe! Sei lá. Lá rá rá. – cantou a professora, quase desesperada. – Isso é problema de sua família. Pergunte ao seu pai.
- Pró, por falar em meu pai, então por que meu pai falou com meu tio que a carne dele é fraca, e ele faz visita ao quarto de Ritinha, a empregada lá de casa quando minha mãe viaja? O que é carne fraca?
- Vixe! Sei lá. Lá rá rá. – cantou novamente a professora e saiu dizendo que voltava já, mas não voltou mais. Enfiou a cabeça embaixo da pia da sala dos professores. Ficou horrível, sendo orientada a ir para casa. Entrou no carro e foi embora.

Na sexta feira ela chegou à porta da sala, olhou, olhou, e não viu o pestelino. Que felicidade!
- Bom dia queridos alunos! – gritou a feliz professora. – Vocês estão bem? Ainda bem que hoje é sexta feira. Hoje tive de sair mais cedo. Veja como o jardim está verde. É a esperança ...
Foi quando pestelino chegou, pulando a gritando é nóis na fita! Viva o curintia!
- Meu Deus! Chegou a praga. – suspirou a professora. – Senta menino! – ordenou a mulher e fez um discurso:
- Hoje não tem ninguém que vá me tirar do sério. Tenho quatro noites sem dormir, tendo pesadelos com esta escola. Então vamos olhar pela janela aquele jardim ...  
Interrompeu o menino:
- Professora, se o colégio não queria que ninguém pisasse na grama do jardim, por que o homem pisou na grama para colocar a placa para ninguém pisar na grama?
- Vixe! Sei lá. Deve ser porque ele não tem helicóptero para voar e colocar a placa lá no meio do jardim. – já respondeu trincando os dentes.
- Pode ser mesmo professora. Tem razão. Então o que é mais importante, a galinha ou o peru do meu pai?
- Hummm?
- Se ninguém come mulher, por que tem mulher que tem nome de fruta?
- Hummm?
- Se a noite tem boca e não tem dente, como é que ela come?
- Hummm?
- Porque a empregada lá de casa tem medo de pinto?
- Hummm?
- Porque eu vi ela dizendo para meu pai: cuidado com esse pinto. Mas lá no apartamento nem tem pinto.
- Hummm sei. Aliás, não sei.
- Professora, faz mal chupar cana de noite no quarto?
- Hummm? Cana no quarto? Como?
- Parece que meu pai e minha mãe chupam cana de noite no quarto vizinho ao meu. Faz um barulho danado e de manhã não tem nenhum bagaço no chão.
- Hummm deve ser porque eles engolem tudo sua pestinha. – Falou com raiva a professora.
- Tá certo pró. Sabia que minha mãe não quer que o meu pai durma?
- Hummm? Como assim?
- Ela fala de noite para ele: “vai agora não, agora não”. Eu fico com pena do meu papai.
- Hummm que pena nada, seu besta. Cala essa boca! Filho do capeta!
- Calma pró! Por que tem dia que meu pai manda minha mãe sair do quarto e ela não sai?
- Hummm? Lá vem outra putaria. Como assim?
- Professora, ele grita assim: vai, vai, vai! Mas eu fico esperando na sala, e ela não sai do quarto.
- Hummm. Deixa de ser tarado, seu merda. Você fica ouvindo essas coisas para encher meu saco na sala de aula, é? Cala a boca seu imundo! Filho de sabão em pó e máquina de lavar. Você não foi parido. Você foi cuspido.
- Vixe! - Disse o garoto. – Então já que a senhora não gostou, responda para mim: o que é o amor? O que é a morte? O que é eternidade? O que é alma, a ilusão, o inferno ...
- Pare sua peste insana! – Gritou a professora dando murros na mesa à sua frente. – Se eu soubesse que aqui era o inferno eu não teria sido a professora de capetinhas, eu vou para marte, a lua, vou ser uma E.T. ...  
- Professora, o que é ser uma E.T.?
- É a sua mãe! Chega! Chega! Vou terminar saindo louca daqui. Levem esse infeliz para longe de mim. Botem num sanatório ou no inferno, pois o inferno não é aquiiiiiiiii.....
E saiu correndo, jogando livros para o ar, tirando os sapatos, descabelando-se e botando a língua para fora da boca babando e cuspindo.  
O pestinha ficou de pé na sala de aula e falou para a turma:
- Vixe! O que foi que eu fiz?
Foi risada por todos os colegas, que gritaram:
- Mais uma! Mais uma! Mais uma! Mais uma! Mais uma! ....
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 12/05/2016
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