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João Bosco do Nordeste
Professor Mestre em Educação e Administrador empreendedor
Textos
Pastel - Um cãozinho de estimação.
PASTEL - UM CÃOZINHO DE ESTIMAÇÃO:

A menina Ecila, filha única do casal Melie e Laupo, uma criança com três anos de idade, tinha o cachorrinho Oiopoco, também chamado de pastel, de muita estimação, que brincava e tranquilizava na hora de comer, brincar e dormir.
Aquele amiguinho cachorrático de apenas dois anos só fazia xixi e cocô num pedaço de jornal dentro de uma caixa num cantinho especial da sala da casa, onde já houvera acostumado.
Se fosse na hora de dormir, ela gritava:
- Poquinho!!! – e o cachorrinho vinha para os pés do berço ou da cama, e quietinha, logo dormia.
Somente ela sabia conversar com o cachorrinho. Ecila sabia quando o amiguinho queria água, comida, dormir, tomar banho etc. Muito teimoso, somente ela o entendia.
Naquela idade a mãe colocou a menina na escolinha para brincar de estudar, mas ela ficava morrendo de saudades do bichinho. Quando ela chegava da escola, o cachorrinho pulava, rolava pelo chão, corria para lá e para cá latindo de felicidade, querendo agradá-la.
Um dia a casa ficou só. Foram levar a menina para assistir um filme infantil no cinema do Shopping. Na volta, a mãe quis ficar na casa de uma irmã, aonde Ecila iria comer bolinho e brincar com seu priminho Zinzé. Não tinha problema, pois a casa não era longe.
O pai de Ecila foi só para a casa assistir na tv um jogo do seu time. Quando entrou com o carro na garagem, abriu o portão eletrônico o pobrezinho do cãozinho saiu de dentro de casa tão alegre em disparada que se enfiou debaixo do pneu traseiro do carro e foi esmagado.
– Coitado do pastel! - O homem ainda pensou em levá-lo ao veterinário, mas o estado tão estava deplorável, que nem adiantava. Foi morte instantânea.
Fez a limpeza e a preocupação passou a ser como dizer sobre o ocorrido à menina. E os traumas? Como resolver isso? Pensou, pensou e resolver pegar uma foto da cadelinha que ficava em cima da penteadeira do quarto da menina, colocando os restos da cadelinha numa lixeira ali perto de casa, enrolada em vários saquinhos plásticos de lixo.
Com a fotografia, foi ao PetShop ali bem perto, mostrou a foto do bichinho ao empresário e com muito boa vontade encontrou outro animal muito parecido no jeito, tamanho, cor e latido. Ufa! Seria a salvação. Será que daria certo?
- E se o animal der trabalho de adaptação? E se a menina descobrir?
Já era boca da noite e para que a tapeação começasse certa, teria de botar o cãozinho para dormir, e quando a filha chegasse não pudesse desconfiar que não era o cãozinho pastel. Explicou ao veterinário da loja, que deu a solução.
- Tome, pingue essas gotas na boquinha do animal ao chegar em casa, pois ele vai dormir.
Ao levar o bichinho em casa, ligou para a esposa e preveniu:
- Vou demorar um pouco ainda antes de lhe buscar, viu? Logo avisarei, pois ocorreu um probleminha e pessoalmente eu lhe contarei tudo. Nada de se preocupar. Está tudo bem, meu amor.
Desligaram a ligação e a mulher ficou preocupada.
Em casa, o cachorrinho estranhou tudo, morrendo de medo dos móveis, das escadas, dos sofás, da Televisão grandona etc. Não sabia o lugar certo para fazer as suas necessidades no canto da sala. De tanto medo foi cagando e mijando tudo. Um desassossego.
- E agora? – pensou o homem.
Trinlinlin! Tocou o celular.
– Pode vir me buscar, meu amor? Estou preocupada.
- Posso sim. Estou saindo agora.
Desesperado, o homem começou a limpar tudo.
- O que é que eu faço? Já sei, vou pingar as gotinhas na boca e ele vai dormir.
Dito e feito. O cachorrinho bateu o 31. Dormiu, profundamente.
O homem foi buscar a família, mas durante o trajeto não disse nada, porque a menina só falava no seu cachorrinho.
Quando chegaram em casa, lá estava o bichinho, quietinho, dormindo em cima do sofá, como sempre fez, e todos sentavam para assistir televisão juntos.
- Preguiçoso! Acorda para brincar! - gritou a menina.
- Está na hora do seu leitinho e bolacha de leite.
Pegou o bichinho, balançou, balançou, e nada!
- Meu pai, essa não, não é, não é, não é o meu é Poquinho – falou soluçando.
- É sim meu bem. Ele está só cansado. Só isso. Leve ele para o seu quarto.
O pai pensou que aquele pestilento já havia cagado e mijado tudo que tinha direito naquele dia.
- Então vou levar para dormir comigo e pela manhã vou brigar com ele, porque está com preguiça e não quer brincar agora. Não comeu e nem bebeu nada para dormir.
Pela manhã, ao entrar no quarto da menina, a secretária do lar chamou a mãe da menina gritando:
- Tá tudo cagado! Venha ver dona Melie!
Pense numa cagança dentro daquele quarto, tudo jogado no chão, mas para surpresa da mãe, a menina gritou sorridente:
- É ele mesmo mamãe! Eu briguei e bati nele de madrugada para ele acordar, para brincar comigo. Somente porque eu acordei, eu acho que ele ficou chateado e só de raiva deve ter cagado tudo. Ele é assim, raivoso esse danado.
- É ele! É meu pastel! Eita bichinho teimoso! Vem cá meu docinho!
Agarrou, rolaram pelo carpete e a família estava feliz.
Pronto. O problema estava resolvido.

- Conto do autor, no Livro Rapsódia de um contador de histórias, Editora Becalete, 2018.
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 31/05/2018
Alterado em 28/11/2018
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