Olhar numa noite Gullar
(Poema do Livro Talento Poético - Editora Becalete, 2018)
O mundo que está lá fora, é só a nuvem passando,
e as proporções são pequenas, cheias de grande razão,
que cabem numa janela do quarto de uma vizinha.
Dentro de mim tem as retas obtusas se encontrando,
pois o quarteto da alma é a tangente da questão,
mostrando que o cateto dessa dor não é só minha.
Ninguém saberá dizer o que o monturo vem queimando,
nem mesmo as forças ocultas de dentro se elevarão,
no poço escondido estão Maria rei e José rainha.
Continuo aqui, vendo o mundo nada mudando.
Olhando pra dentro e voando, com um pássaro na mão,
bem maior é a hipotenusa, que marca o fim dessa linha.
Quem mente até aos comparsas, acha que está enganando,
todos dentro de uma farra, todos na mesma prisão,
na mesma noite veloz, que o Gullar sempre detinha.
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 22/12/2018