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João Bosco do Nordeste
Professor Mestre em Educação e Administrador empreendedor
Textos
CONTO: UM NORDESTE MELHOR
- Passa o Bisturi, o paciente agoniza! Gritou o médico na sala de cirurgia. A consciência não está comprometida.
- Mas tem jeito? Perguntou a enfermeira ao médico.
- Melhor chamar a família e explicar a gravidade.
Aquele “paciente” passou tantos anos sobrevivendo esperando um “milagre brasileiro”, com otimismo, em busca de um futuro melhor, contra os pessimistas, aguardando reconhecimento pelas maravilhas que produzia.
No peito do “paciente” ainda teimava bater vivo um coração aguerrido, que não queria se entregar, mesmo com a fraqueza quase absoluta de áreas do sertão do seu ser.
Na falta de solução, quase 53 milhões de plaquetas foram danificadas, perdendo sangue por dezesseis anos, enganando até o nosso “quase morto”. A decepção inicial se confirmou, esqueceram as promessas e tomaram dois chás: “o do esquecimento e o de sumiço”.  A maior decepção se transformou num Faraó garanhão de uns e sentou na “fogueira das vaidades”, enquanto isso, lá na sala de cirurgia o “impaciente” agonizava. A família, quase enlutada, não sabia mais qual a diferença entre os interesses escusos os “sanguessugas aloprados”.
Num certo dia, o Faraó viu um laudo médico das enfermidades do doente, e uma delas era falta de sangue, puxando pela memória lembrou-se de promessas e que também tinha átomos daquele Órgão, e determinou:
- Vamos transpor o sangue de outro doente para este!
Pela falta de estudo, ele não sabia que sangue trocado entre doentes poderia matar os dois.
- Pronto! Estava tudo preparado para o caos! Dentro do peito disse ao ventrículo esquerdo (Proibidus di Tagarelaris), deixando tudo como antes, “no Quartel de Abrantes”. Sabe como é, faraó só gosta de obra faraônica.
Lá no hospital, nessa agonia, o “doente” continuava a sua letargia, exigindo sacrifícios e ajudando os aloprados “amigos do faraó”, em ações fraudulentas, dizendo: “isso sempre aconteceu”. O doente reagiu balbuciando baixinho:
- O que nós queríamos é que isso nunca mais viesse ocorrer, como nunca antes. Sou um Órgão moribundo, formado pelas nove células com os nomes de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, por onde passam veias com o “sangue da terra”, e nomes de São Francisco, Jequitinhonha, Capibaribe, Beberibe e Paraguaçu, entre outras.
Os médicos de plantão passam remédio para o corpo, mas não sabem o que se passa dentro da urna da alma.
- Ele abriu os olhos e ressuscitou! - Bradou o médico, ouvindo o nosso paciente exclamar para todos ouvirem:
- Sim, agora acordei para dizer a todos que essa minha enfermidade é apenas um pesadelo, portanto acordem também! Em sinal de unidade, quero pedir liberdade, para dizer tudo o que eu penso, sem nem ficar constrangido: No que se refere, sei que a nada se refere e nada valia a pena, se durante esse ocorrido eu tivesse falecido.
- Quem é o Senhor mesmo? – Perguntou o médico.
O meu nome é Nordeste, Órgão importante para o corpo do Brasil. As Células são os meus Estados e os Átomos são as pessoas que formam o meu povo. Não tem ninguém que conteste, nem do Norte nem do Leste, nem também do Centro Oeste. Somos uns Cabras da peste, que produzem o seu destino, o coração de menino não vai parar um instante, com a força de gigante e o orgulho nordestino!
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Conto premiado no Livro Literarte Celebra Salvador (2020)
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 30/04/2019
Alterado em 15/09/2020
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