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João Bosco do Nordeste
Professor Mestre em Educação e Administrador empreendedor
Textos
Posse na FEBACLA - José Bonifácio, Cadeira 58.
Escritor João Bosco da Silva (João Bosco do Nordeste) foi empossado como "Imortal" na Cadeira 58 da Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes - FEBACLA, cujo Patrono é José Bonifácio, por isso ele resolveu fazer essa homenagem e espero que vocês apreciem:

José Bonifácio de Andrada e Silva, o Velho, que participou ativamente do processo da Independência do Brasil.

1.      CONTEXTUALIZAÇÃO:

a) Projeção política e literária:

A caracterização histórica dá-se por sua atuação política, científica e literária, influenciados pela renovação que ocorreu em Portugal no século XVIII. Era, portanto, as influências do setecentismo (arcadismo).

b) Setecentismo (arcadismo) no Brasil:

Considera-se como data inicial do Arcadismo o ano 1768, em que ocorrem dois fatos marcantes:
1) A fundação da Arcádia Ultramarina (sociedade literária brasileira), em Vila Rica;  
2) Publicação de Obras, de Cláudio Manuel da Costa.
A Escola Setecentista desenvolve-se até 1808, com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, a qual, com suas medidas político-administrativas, permitindo a introdução do pensamento pré-romântico no Brasil.
No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre etc.

c) Influência literária:

Além das influências do setecentismo, trouxe a sensualidade do barroco e até os primeiros momentos do romantismo europeu. Uma obra que vai desde um pouco da disciplina clássica (que recebeu em Coimbra) até aventuras românticas. Preocupado com movimentos de renovação, tinha a Bíblia também como fonte de inspiração poética.

2.      ORIGEM E NASCIMENTO:

Estadista brasileiro da primeira metade do século XIX. Nasceu na cidade de Santos no estado de São Paulo no ano de 1763 e faleceu na cidade de Niterói no estado do Rio Janeiro em 1838. A família era uma das mais ricas e importantes de Santos.

a) Nome de Registro:

Filho de Bonifácio José Ribeiro de Andrade e Maria Bárbara da Silva, menino foi registrado com o nome de José Antônio de Andrada e Silva, mas sempre foi conhecido como José Bonifácio.

b) Estudos iniciais:

Adolescente, foi mandado para a cidade de São Paulo, onde estudou humanidades com o bispo Manuel da Ressurreição e aos 16 anos já fazia poemas de amor, que assinava com o pseudônimo de “Américo Elísio”.

c) Estudos em Portugal:

Em 1783, foi estudar Filosofia em Portugal, vivendo 36 anos em Coimbra. Universidade de Coimbra – Portugal.
Em 1787 e no ano seguinte, diplomava-se em leis e na vida universitária discutia as idéias de Rousseau (Suíço, Iluminista na França. Um dos precursores do Romantismo) e Voltaire (François-Marie Arouet – Iluminista Francês); fazia poemas contra as arbitrariedades dos soberanos absolutos; defendia a monarquia constitucional.
Aos 26 anos já era membro da Academia Real de Ciência portuguesa.
No ano de 1790 foi designado pelo governo português para especializar-se em mineralogia em Paris, em plena Revolução Francesa. Em Paris escreveu uma Memória sobre os diamantes do Brasil.

d) Estudos pela Europa:

No ano de 1791, foi estudar na Alemanha e fazer estágios em várias regiões de mineração da Itália, Suécia, Noruega, Dinamarca e Inglaterra, descreveu doze minerais, quatro dos quais eram até então desconhecidos (petalita, espodumênio, escapolita e criolita). Deu o nome de wernerita a um dos outros oito, em homenagem a seu professor Werner e este, por sua vez, chamou de andradita um dos minerais que descobriu.
No final de sua viagem, que durou 10 anos casou-se com Narcisa Emília O'Leary, de família irlandesa.

e) Volta a Portugal:

Em 1800, voltou a Portugal e passou os anos seguintes inspecionando minas e lecionando em Coimbra. Em 1801 e 1808 quando os franceses invadiram Portugal, ele foi um dos chefes da resistência. Chegou ao posto de tenente-coronel, dirigiu fábricas de munições e comandou destacamentos de infantaria em ataques ao inimigo. Expulsos os franceses, voltou ao seu trabalho científico e manteve-se afastado da política portuguesa.

f) Volta ao Brasil:

No ano de 1819, com 56 anos, José Bonifácio voltou ao Brasil, só então passou a se ocupar com política. Em 1821, foi vice-presidente da junta governativa de São Paulo onde teve participação ativa na campanha para que o príncipe regente, Dom Pedro, não voltasse para Portugal.

g) Filhas:

Carlota Emília de Andrada, Vandelli Narcisa Cândida de Andrada Aguiar, e Gabriela Frederica Ribeiro de Andrada.


3.       ANO DE 1822 - CRONOLOGIA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL:

Homem de confiança de Dom Pedro e o principal chefe do partido brasileiro, reunia todos os políticos que queriam a independência do Brasil. (Os "democratas", ligados à maçonaria, eram liderados por Gonçalves Ledo. Os "aristocráticos", ligados aos fazendeiros, tinham como cabeça José Bonifácio).

Em 16 de janeiro, organizou o primeiro ministério da história do Brasil (o Ministério da Independência), dirigindo a política interna e externa do Brasil, orientando-a para a separação de Portugal. Mandou de volta à Lisboa as tropas portuguesas que estavam no Brasil. Articulou blocos políticos em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que lideraria a luta pela independência.
Em março: Convenceu Dom Pedro a proibir o desembarque de tropas portuguesas no Rio de Janeiro e aconselhou-o a fazer uma viagem a Minas Gerais, onde sua autoridade era contestada.
Em maio, também por influência de José Bonifácio, Dom Pedro ordenou que só fossem cumpridas as ordens vindas de Portugal que ele tivesse aprovado.
Junho: Os "democratas" Gonçalves Ledo, José Clemente Pereira e Januário da Cunha Barbosa haviam atraído Dom Pedro para a maçonaria. Mas em junho de 1822, ele fundou uma loja maçônica rival, “o Apostolado”, para a qual convidou Dom Pedro.
Agosto: No final de agosto, chegaram ordens de Portugal para desfazer várias medidas de José Bonifácio e exigia sua demissão e a de todo o ministério.
Setembro: Dom Pedro estava em São Paulo. José Bonifácio enviou-lhe as ordens acompanhadas de uma carta sua e ao recebê-las, o príncipe decidiu proclamar a independência.

a) Hora da retaliação:

Proclamada a independência, o velho Andrada e seus irmãos concentraram-se na eliminação de seus opositores, os "democratas" do partido brasileiro, cuja devassa, em São Paulo, ficou conhecida como Bonifácia. Mandou prender alguns políticos, expulsou do país o jornalista João Soares Lisboa, redator do Correio do Rio de Janeiro, e fechou o jornal, pediu, ainda, ao imperador que fechasse as lojas maçônicas. Dom Pedro não concordou.

b) Outubro - Golpe Ministerial:

José Bonifácio e seu irmão, Martim Francisco, prepararam um "golpe ministerial". Demitiram-se do ministério em 28 de outubro, mas Dom Pedro foi obrigado a chamá-los de volta.

4.      ACONTECIMENSTOS DO ANO DE 1823:

Em maio – Prisões e deportações: Gonçalves Ledo (Deputado constituinte e jornalista) fugiu para Buenos Aires. Há informações de que ele queimou todos os documentos da sua participação na Independência. Outros "democratas" foram presos ou deportados. A Assembleia Constituinte se reuniu e sugeriu uma anistia, mas foi rejeitada pelos Andradas, dividindo a política em dois partidos: o brasileiro e o português.

Em Julho – oposição ao imperador: O gabinete caiu em 16 de julho e o imperador mandou fechar o “Apostolado”. E na oposição Bonifácio começou a atacar o imperador pela imprensa, através de dois jornais: O Tamoio e Sentinela da Liberdade e os portugueses em geral e a amante do imperador, Domitila de Castro e Melo (Marquesa de Santos).

Em Novembro – Exílio na França: Dom Pedro I fechou a Assembleia, prendeu e expulsou José Bonifácio e seus irmãos e passaram a viver na França por seis anos, vivendo o maior tempo em Bordéus.

5.      PUBLICAÇÕES NO EXÍLIO:

Em 1825 publicou “Poesias avulsas” de Américo Elísio (seu pseudônimo Arcádio), e continuou escrevendo artigos chamando D. Pedro de “rapazinho” e “Pedro Malasartes” (personagem das culturas portuguesa e brasileira, famoso por sua lábia de "maior enganador das redondezas").
Nasceu o filho Pedro de Alcântara, em 02/12/1825, de D. Pedro I e doba Leopoldina.
Em 1829: Volta ao Brasil: em 23 de julho para a ilha de Paquetá, ano em que morreu sua esposa, e quando se reconciliou com o imperador.
Em 1830: Foi nomeado Príncipe Regente pelo pai, aos 5 (cinco) anos de idade.
Em 1831 – Em 7 de abril, D. Pedro I abdicou da Corôa e voltou a Portugal, nomeando José Bonifácio como o “Tutor dos príncipes imperiais”: No decreto D. Pedro referiu-se "ao muito probo, honrado e patriótico cidadão José Bonifácio de Andrada e Silva, meu verdadeiro amigo". José Bonifácio e seus irmãos tornaram-se os chefes do grupo “Los Restauradores” ou “Caramarus”, favoráveis ao retorno de Dom Pedro ao trono do Brasil.
Mandato na Bahia: Nesse período José Bonifácio foi eleito suplente de deputado.
Em 1832: Os “Restauradores” participaram de revoltas e conspiraram contra a Regência do padre Feijó (ministro da Justiça), que exigiu e a Câmara afastou José Bonifácio da tutoria. O Senado manteve no cargo. Feijó se demitiu.
Em 1833: No mês de setembro, um decreto da Regência destituiu-o das funções de tutor. Aos setenta anos de idade ele foi afastado da política e confinado pelo governo em sua casa de Paquetá, dedicando-se a ler e a escrever.
Em 1834: Morreu D. Pedro I em 24 de setembro, em Queluz – Portugal.
Em 1838: Doente e em Niterói, um amigo que o conheceu nos tempos de glória foi visitá-lo e ficou impressionado com a simplicidade da casa e mais ainda com o lençol remendado de retalhos que o cobria. Ao perceber que o amigo estava reparando a situação precária, disse:
- Não repare - passando a mão pelo lençol.
- São bordados para embelezar o lençol. O que enfeia o pano são apenas os desenhos feitos de formas irregulares.
O amigo ficou sem saber se aquelas palavras era um disfarce, uma ironia ou um pedido de desculpas.
Poucos dias depois, no dia 6 de abril, morria ali mesmo.
Devido ao seu papel fundamental na preparação e consolidação da independência do Brasil, é chamado de “Patriarca da Independência”.
Morreu aos 75 (setenta e cinco) anos, pobre e esquecido e o seu corpo embalsamado ficou exposto para visitação no Rio de Janeiro, por 19 (dezenove) dias, na Igreja Nossa Senhora do Carmo.
Como ele havia nascido em Santos, a filha Gabriela Frederica Ribeiro de Andrada levou o corpo para sepultamento do pai na Capela-mor da Igreja do Convento de Nossa Senhora do Carmo, num local conhecido atualmente como Panteão dos Andradas, local construído em 1921, para homenagear José Bonifácio e os seus irmãos Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, Martim Francisco Ribeiro de Andrada e Patrício Manoel de Andrada e Silva, todos importantes para a história do Brasil.
Em 1840: Aos 15 anos, D. Pedro II foi declarado maior, ficando conhecida na história como “Golpe da Maioridade”.
Em 1841: No dia 18 de julho D. Pedro II foi coroado Imperador do Brasil, sendo cuidado pela camareira dona Mariana Carlota, depois nomeada Condessa de Belmonte. O reinado foi até 15 de novembro de 1889, na Proclamação da República.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[01] CALDEIRA, Jorge (org.). José Bonifácio de Andrada e Silva. São Paulo: Ed. 34. 2002.
[02] HAUSER, Arnold. História social da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes, 1998. (p 661 – 726)
[03] CRUZ, Guilherme Braga da. Coimbra e José Bonifácio de Andrada e Silva. Lisboa: Classe de Letras, 1979.
[04] CASTELO, José Aderaldo. José Bonifácio, O velho. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora, 1964.
[05] TEIXEIRA, Carlos. José Bonifácio de Andrada e Silva, mineralogista e geólogo. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa, 1967.

REFERÊNCIAS TECNOLÓGICAS
[01] http://www.vivabrazil.com/vivabrazil/jose_bonifacio.htm > acesso em 05/05/2019
[02] http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/528945 > acesso em 05/05/2019
[03] http://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/p18.html > acesso em 29/01/2009
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 06/07/2019
Alterado em 12/08/2020
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