Educação ambiental na educação formal
Prof. João Bosco da Silva – Mestre em Educação e Formação de professores
Fundación Universitária Iberoamericana
Educação Ambiental
A Educação Ambiental é uma forma de consolidação do desenvolvimento sustentado, porque através desse instrumento escolar é que o indivíduo e a comunidade constroem novos valores sociais e éticos, e adquirem conhecimentos, atitudes, competências e habilidades, voltadas, inclusive, ao cumprimento do direito de viver num ambiente ecologicamente equilibrado, para o bem das gerações.
Na teoria e na prática docente, a Educação Ambiental está apontada em diferentes níveis, que correspondem a:
1) Nível 1: aos valores e à justificativa ética, política e filosófica, nos quais o professor fundamenta a sua ação docente;
2) Nível 2: ao processo de formação profissional para o exercício do magistério, ou seja, baseado na teoria e na prática;
3) Nível 3: a ação docente (prática dos conteúdos e avaliação), entre outros.
Na solução de problemas específicos, em se tratando a educação ambiental com a abordagem formal e suas características específicas, pode-se apontar a ecológico-presevacionista e a socioambiental. No caso da educação ambiental, na vertente socioambiental, exige e necessita de uma educação que consiga unir a teoria com a prática, a fim de que possibilite ao aluno atuar na realidade da sua comunidade durante seu processo de formação educacional, com compromisso e responsabilidade, a fim de converter o homem de hoje em mais pleno amanhã, pois a formação é direcionada para o futuro cada vez mais composto por diversidades e complexidades, buscando insistentemente a reintegração do Homem com a Natureza.
Um programa de educação ambiental para ser efetivo deve promover, ao mesmo tempo, o desenvolvimento de conhecimento e de habilidades, de preferência com a participação articulada da comunidade pela preservação, com ações concretas mudando comportamentos e fazendo o diagnóstico no processo educativo, respeitando os objetivos gerais, permitindo também as reflexões dos alunos acerca dos conhecimentos aprendidos através da curiosidade científica e intervenção crítica na sua realidade.
Os procedimentos devem ser planejados na construção dos conhecimentos, possibilitando “a criação de novos valores e atitudes na relação ser humano/ambiente, atendendo aos objetivos específicos planejados e aos objetivos gerais da educação ambiental” (GUIMARÃES, 2001), oportunidade na qual os alunos devem elaborar nova forma de entendimento da prática social, e compreensão qualitativamente alterada.
Na identificação das potencialidades para o desenvolvimento sustentável, a vertente ecológico-preservacionista coloca o ser humano em contato com a natureza separando o que está sendo construído, do mundo primário encontrado pelo homem no início dos tempos, sendo a natureza tratada como uma riqueza suprema, alertando que a história do homem é a própria história da ecologia, construída pelo amor e aliança entre os seres humanos, e eles com a natureza, abordando temas transversais e reintegrando o homem ao ecossistema como espécie biológica de características específicas, num processo biológico de evolução histórica, construído nas relações entre a sociedade e a educação, aceitando as diversidades culturais, em muitos aspectos formais e informais, orientados para a compreensão e solução de problemas socioambientais de caráter e forma interdisciplinar permanente.
Para a obtenção desse intento, o currículo não tem concepção específica, girando em torno dos conhecimentos da biologia e da ecologia, dentre outras áreas, formando os indivíduos nos aspectos éticos e estéticos ao meio ambiente. Sem a concepção de um currículo definido, é possível integrar as diversas disciplinas escolares, mostrando mais preocupação ns construção positiva, em busca do futuro do meio ambiente equilibrado.
Essas áreas convencionais do conhecimento sobre o meio ambiente estão presentes nos temas atuais, descritos, inclusive no Artigo nº 10 da Lei № 9.795, de 27/04/1999, que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 2012) e estabelece que a educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.
Importante frisar que, durante a formação de educadores ambientais devem ser observadas as características físico-emocionais, sócio psicológicas e pessoal-intelectuais devem ser identificadas e avaliadas para um bom desenvolvimento da formação em Educação ambiental, com equipes multidisciplinares.
Na prática, usamos as metodologias da vertente ecológica preservacionista, de forma recuperadas, usadas na vertente socioambiental da Educação Ambiental, para mostrar aos alunos a importância de vivenciar, sentir e amar a natureza, quando orientando os trabalhos em excursões de campo, passeios, e outras atividades extraescolares, que possibilitam um maior contato direto com a natureza em geral e seus ecossistemas. A experiência é motivadora.
A transversalidade da ação interdisciplinar e o processo participativo
A transversalidade é uma nova perspectiva para incluir no currículo escolar as questões ambientais do nosso tempo, baseado num novo modelo de desenvolvimento mais sustentável. A educação ambiental é eixo integrador dos temas transversais, possibilitando o trabalho integrado das diferentes disciplinas, sem perda das suas especificidades, possibilitando a consecução do processo de compreensão e construção das dinâmicas inter-relacionais dos fenômenos socioambientais, facilitando o entendimento e a prática da interdisciplinaridade ao longo do processo educacional.
Segundo MINGUILI et al (1998), a interdisciplinaridade é o processo que privilegia a organização curricular numa perspectiva de totalidade, buscando alternativas criadoras, fruto da articulação entre as diferentes áreas do saber, e por sua vez, vai se constituir na metodologia da interatividade.
Por isso, a escola tem o objetivo de administrar complexas relações de interesses entre as pessoas, dentro de perspectivas e expectativas diversas, além dos grupos de poder, que definem a micropolítica institucional e as relações pessoais conflitivas. Ocorrem no centro educacional diversos tipos de tensões e argumentos, além de pressões de grupos que buscam produzir um conjunto de cultura. Por isso a importância de se observar que as relações entre aluno-professor-aluno ocorrem dentro de "currículos ocultos", com suas nuances, qualificações e problemas, com esses elementos interagindo no ambiente, devendo ser considerados pelas análises educacionais e facilitar possíveis processos de inovações curriculares.
Devemos entender que a transversalidade e a informalidade não devem ser entendidas como falsa ou ignóbil na educação ambiental, pois a conservação natural é que deve ser o princípio metodológico norteador do desenvolvimento sustentável, desde a utilização racional dos recursos naturais, até a preservação do que não estiver sendo utilizado por esta geração, de forma permanente, como por exemplo está previsto na Lei n 7.803/89 (BRASIL,2012).
A consciência sobre a necessidade da transversalidade, com a inclusão da temática do meio ambiente como prática educacional já adotada por educadores nas escolas, considera que vivemos a nossa realidade dentro de um processo sistêmico, com a interação de muitos fatores exógenos no ambiente, o que abrange todas as ações simples ou complexas do ser humano, possibilitando visão abrangente da questão ambiental em relação ao convívio e sobrevivência das espécies.
É importante que o professor consiga desenvolver as capacidades nos alunos nessa visão global, a fim de que possam compreender melhor a realidade, atitudes e comportamentos, estando preparados para tomar decisões e ajudar a garantir a qualidade de vida para todos. Por isso o planejamento deve dar conta de preparar de um modo diferente de um novo fazer, sempre de forma coletiva.
A partir do planejamento, podemos fazer um levantamento dos problemas ambientais que queremos solucionar, realizado de várias formas, aplicando um questionário simples, mais prático e numa linguagem que todos entendam.
Após a obtenção do resultado do diagnóstico, devidamente tabulado e estruturado, de acordo com a complexidade e prioridade, fazendo uma verdadeira hierarquização, no tema escolhido e submetido à comunidade escolar.
Concluído o diagnóstico, devemos partir para o projeto, pensado e pesquisado, levando sempre em conta as informações da comunidade e as aplicações de acordó com as suas realidades. O projeto deve conter as etapas de titulação, escolha dos objetivos, a justificativa, o tempo de realização do projeto, o público-alvo a quem se destina o trabalho, as atividades, as ações futuras e fazer a divulgação do material concluído, para que seja conhecido por número maior de pessoas.
Devemos estar sempre pensando o que fazer, e para isso é fundamental a técnica do planejamento, tendo em vista, por exemplo, que esse campo temático de questões ambientais é relativamente novo, sendo necessário que o professor priorizar na escola à medida que seja importante para aquela comunidade estudantil, inicialmente sem ainda aprofundar o conhecimento, mas que sempre esteja disponível para ser anexada a outras disciplinas, fazendo as suas inter-relações
As manifestações culturais nos currículos e o meio ambiente transversal.
Os avanços que podemos identificar na relação do homem com a natureza, entre a vertente ecológica preservacionista de educação ambiental e a vertente socioambiental, é a possibilidade de sua reintegração à natureza, como uma espécie biológica de características específicas, percebendo quando uma informação é realmente importante, e o faz incorporá-la em seus esquemas de conhecimentos internalizados, produzindo modificações substanciais em processos de reestruturação que afetam outros esquemas de conhecimentos, por isso devemos utilizar as manifestações culturais nos currículos escolares, levando o sujeito a trabalhar, buscando conteúdos que versem sobre o meio ambiente, de forma transversal.
A transversalidade apresenta bons resultados quando aplicada na educação ambiental, principalmente quando envolve outras áreas do conhecimento, em conjunto, suficientemente abordadas, de acordo com as necessidades das mais variadas disciplinas, integrando áreas convencionais, relacionando-as às questões da atualidade, conforme está no Artigo 10º da Lei n 9.795, de 27/04/1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 2012), definindo que a educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal, respeitando os fundamentos éticos, a fim de reconhecer a unidade do real, do ser humano que age orientado por valores, mostrando uma visão ampla da realidade.
As manifestações culturais nos currículos escolares ajudam a trabalhar a temática do meio ambiente de forma transversal, pois o currículo é também um espaço de crítica cultural popular ou até erudita, através de músicas e festas populares, danças, brincadeiras, teatro nas atividades de sala de aula, ampliando os horizontes culturais, promovendo interações entre as diferentes manifestações, com a comunidade interagindo com outras culturas, expressões, crenças e tradições.
Adotamos a prática, a práxis no cotidiano da escola utilizando a transversalidade em nossa ação educativa voltada para a descoberta do tema meio ambiente junto a outras disciplinas. Para isso dividimos os alunos em quatro grupos, cada um escolhendo um dos subtemas ambiental. O comando das tarefas foi para que fizessem contato com a natureza, descobrindo determinados aspectos ambientais que estavam ligados às manifestações culturais, apenas para abrir a curiosidade e o interesse, o que resultou em mais respeito e apresentações teatrais dramatizadas, chamando a atenção dos demais colegas, mostrando que a natureza está totalmente associada ao ser humano e aos animais, abrindo mais a visão sobre a importância de cuidar do meio ambiente, das águas, do lixo, da reciclagem e dos animais, por menores que fossem, melhorando a prática da realidade do educando.
Conforme afirma GUIMARÃES (2001), a práxis em educação ambiental resulta numa unidade teórica e prática do processo de uma educação ativa por partir de uma prática social do meio vivenciado, retornando ao final uma compreensão e com uma atuação qualitativamente alteradas, pois uma educação participativa pode tonar-se permanente, transformando a sua própria realidade.
Comparando algumas abordagens pedagógicas.
Inicialmente precisamos saber que a educação permite inferir consequências pedagógicas para a educação ambiental, fazendo com que os indivíduos ou suas comunidades assumam o controle e a responsabilidade dos seus próprios conhecimentos e da sua própria evolução, para que estejam habilitados a tomar decisões práticas a respeito do meio ambiente e da realidade em geral.
Existem diversas abordagens pedagógicas, e das quais a Educação Ambiental se utiliza de uma grande variedade de métodos e técnicas e prioriza os métodos ativos, preconizados pela Escola Nova como os mais adequados para a consecução dos objetivos, dando sentido de planejamento coletivo ao fazer pedagógico e assinala a importância e o valor do conhecimento popular e das diferentes práticas culturais, sustentando a visão da educação como prospectiva e transformadora, recuperando a importância da especificação dos objetivos educacionais, destacando a necessidade de seu caráter qualitativo.
O objetivo maior do processo de Educação Ambiental é fazer com que o cidadão entenda a sua responsabilidade, e tenha uma ação qualificada depois de ter acesso ao conhecimento.
Entre as diferentes abordagens pedagógicas em estudo de possibilidade de implantação nas escolas, que versam sobre as práticas educativas ambientais existem a Tradicional, a Tecnicista, a Humanista, a Sociocultural, a histórico-crítica, a Construtivista, a Sócio interacionista e a do Pensamento complexo.
Na pedagogia tecnicista, por exemplo, a instituição escolar é considerada uma agência de controle social, com um objetivo especial da adaptação da educação oferecida ao mercado de trabalho.
O princípio metodológico pode ajudar na construção democrática do conhecimento, melhorando o diálogo participativo, com as interações comunicativas, quando as pessoas buscam estabelecer um objetivo comum, ajudando na construção de novos planos de estudo e na elaboração de práticas ambientalistas.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Introdução aos PCNs. Brasília: Ministério da Educação, 2001. BRASIL. Lei № 7.803/89 – Lei do Código Florestal. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=557.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, Brasil. Lei 9795/99 – Dispõe sobre a política Nacional de Educação Ambiental. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9795.htm
GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Campinas: Papirus, 2001.
MINGUILI, M. G., DAIBEM, A. M. L., ROMANO, A. P. Educação ambiental e trabalho coletivo na escola: uma experiência de pesquisa e ensino. Questões atuais no ensino de ciências. In: NARDI, R (org). São Paulo: Editora Escrituras, 1998.
João Bosco do Nordeste
Enviado por João Bosco do Nordeste em 14/05/2021
Alterado em 14/05/2021